IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 128 | 23/08/2021 a 15/10/2021

Opinião

O corpo feminino, em 2021, ainda é visto como objeto de desejo masculino. Nas olimpíadas de Tóquio, as ginastas alemãs vestiram macacões até os tornozelos no lugar dos cavados collants e trouxeram o debate sobre o machismo e a valorização do apelo esportivo e não do apelo sexual do corpo feminino.

Machismo, Olimpíadas e Novos Caminhos

Autoras: Viviane Gonçalves Freitas* / Letícia Lins**

Os jogos olímpicos de Tóquio 2020, adiados para 2021 em razão da Covid-19, entram para a história como a edição com maior percentual de mulheres entre atletas nas competições. Segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), dos 11.090 atletas distribuídos nas diversas modalidades, 48,8% são mulheres e 51,2%, homens. Na Rio 2016, 45% eram mulheres. Nos Jogos Paralímpicos deste ano, a expectativa é de que as mulheres representem 40,5% do total de atletas. A estes números, soma-se o quadro de medalhas brasileiras, no qual as mulheres conquistaram nove das 21 premiações – três das sete de ouro, inclusive. Com o slogan “os jogos da equidade de gênero”, esta edição quer ser lembrada como o ponto de virada para muitos debates que vão além dos esportes e alicerçam nossas sociedades.

 

            As primeiras olimpíadas da era moderna foram em 1896, na Grécia, mas as mulheres só puderam competir na segunda edição, realizada em Paris, em 1900, quando representaram 2,2% dos atletas. Mesmo assim, a contragosto do idealizador dos jogos, Pierre de Coubertin, que as considerava incapazes para a prática esportiva. No entanto, ao longo dos tempos, as mulheres vêm rompendo estereótipos e provando que são capazes de estar onde assim o desejarem, em quaisquer áreas de atuação.

            Um ponto importante a ser destacado sobre o machismo naturalizado socialmente e que, claro, também se reflete nos esportes, é a percepção do corpo feminino como objeto de desejo masculino, sendo hipersexualizado, portanto. Não é à toa que atletas da seleção de handebol de praia norueguesa foram multadas pela federação da modalidade por terem optado em usar shorts ao invés de biquinis, o vestuário padrão estabelecido, no torneio europeu. O valor foi desembolsado pela cantora Pink, em apoio às compatriotas. Em Tóquio, as ginastas alemãs vestiram macacões até os tornozelos no lugar dos cavados collants. Escolhas em prol do maior conforto e do poder sobre o próprio corpo. Em decisão inédita, o COI, a partir desta edição dos jogos, baniu imagens nas quais detalhes dos corpos das atletas fossem evidenciados em close-ups. Segundo a organização esportiva, essa decisão é convergente a uma política de valorizar o apelo esportivo, não o apelo sexual.

Tais fatos podem parecer simples e talvez algumas pessoas não vejam neles motivos de grande alarde. No entanto, é preciso compreender que as diversas esferas da vida (família, amigos, trabalho, entre outras) não estão separadas. Pelo contrário, são indissociáveis. A disciplina “Cultura, Diversidade e Inclusão nas Organizações” tem como mote exatamente mostrar que a equidade de gênero, a luta antirracista e as demais pautas dos grupos minoritários clamam por justiça social e interseccional, tanto fora quanto dentro do ambiente organizacional. É preciso saber ler as manifestações por respeito, diversidade e inclusão (D&I) que chegam dos diversos públicos, e se compreender parte dessa mudança tão necessária. Isso vale para pessoas, isso vale para empresas também.

No âmbito das organizações, investir em D&I torna-se uma condição essencial para que as empresas se mantenham competitivas no mercado nos próximos anos. A pauta da diversidade e da inclusão é importante porque garante a formação de uma equipe diversa, composta por pessoas de diferentes formações, experiências, idades, classes sociais, culturas e raças, sendo, portanto, mais produtiva e criativa. Além disso, lutar por diversidade e inclusão tornou-se um fenômeno global tão valorizado que passou a ser um dos indicadores de sustentabilidade da agenda ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, em português, Governança ambiental, social e corporativa), exigida hoje pelos maiores investidores mundiais. E não há como deixar de abordar o fator social envolvido nessa questão. Incluir na cadeia de trabalho populações que sofrem com a exclusão, seja devido a sua raça, orientação sexual, gênero, nacionalidade ou condição social significa corrigir uma injustiça social que ainda persiste no país.

 

ATUE PELA DIVERSIDADE:

Conheça o curso de pós em Comunicação, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Diversidade e inclusão são temas urgentes que estão na pauta de todas as pessoas e organizações (ou deveriam estar). Ir além dessa constatação foi uma das razões pelas quais o IEC PUC Minas lançou o curso de pós-graduação em Comunicação, Diversidade e Inclusão nas Organizações, que terá sua primeira turma, com aulas on-line e transmitidas ao vivo, a partir do mês de setembro. Um curso fundamental para os profissionais ligados nas demandas do presente e que desejam construir o futuro das organizações e de uma sociedade mais justa.

A pós visa capacitar os profissionais a desenvolverem estratégias em conformidade com as atuais demandas sociais, alicerçadas nas seis dimensões da diversidade (gênero, raça, corpos dissidentes, PCD, geracional e LGBTQIA+), a partir de uma perspectiva interseccional e integrada nas diversas formas de comunicação: mídias digitais, publicidade, relações públicas, assessoria de comunicação e comunicação interna.

Um curso ideal para líderes que queiram ter uma atuação mais diversa e inclusiva em suas organizações, empresas que se interessem por implementar programas de D&I, e para profissionais da área de comunicação, marketing e RH que busquem atuar dentro das organizações como agentes transformadores e mediadores da diversidade ou como consultores e mentores externos que atuem como multiplicadores desse processo.

Saiba mais na página do curso.

 

*Viviane Gonçalves Freitas é jornalista e doutora em Ciência Política (UnB), com estágio pós-doutoral em Ciência Política (UFMG). Professora da disciplina “Cultura, Diversidade e Inclusão nas Organizações”, vinculada ao curso “Comunicação, Diversidade e Inclusão nas Organizações”. É coordenadora do GT Mídia, Gênero e Raça da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica). Tem pesquisas e publicações nas áreas de gênero, raça, mídia, política. E-mail: vivianegoncalvesfreitas@gmail.com Instagram: vivianegf14

 

**Letícia Lins é publicitária, mestre e doutora em Comunicação (UFMG), especialista em Marketing (Fundação João Pinheiro), coordenadora do curso “Comunicação, Diversidade e Inclusão nas Organizações”. Atua como pesquisadora, consultora e mentora nas áreas de comunicação, publicidade e diversidade com foco em gênero. E-mail: letslins@gmail.com Instagram: @letslins.oficial

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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