IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 126 | 01/04/2021 a 30/05/2021

Em dia com o Mercado

Tem volta? Qual o impacto do regime remoto nas atividades?

A pandemia exigiu do mundo capacidade de adaptação. Em um primeiro momento, todas as atividades migraram do modelo presencial para o remoto, obrigando as pessoas a trabalhar, estudar e se relacionar por meio de telas. Quase um ano depois, a pandemia infelizmente persiste, e, assim, impossibilita retomar o modus operandi que todos estavam acostumados a viver. Em contrapartida, o regime integralmente remoto também se tornou inviável, seja por razões econômicas, sociais ou logísticas. Com a reabertura parcial de comércio, serviços e escolas, a solução foi equilibrar os dois modelos e extrair o melhor de cada um. Assim surge o regime híbrido, que tem sido adorado pela maioria das instituições.

Alysson Lisboa, professor do IEC PUC Minas, observa que o mundo do trabalho vem enfrentando questionamentos desde o início do século XXI e que a pandemia apenas acelerou mudanças que já vinham acontecendo, ainda que lentamente. “Já fazíamos um trabalho híbrido: presencial na empresa e o restante do dia respondendo e-mails e mensagens via WhatsApp. Os negócios hoje estão muito mais competitivos e baseados em metas  de crescimento e performance. O tempo perdido no trânsito ou os custos de passagens para reuniões presenciais, por exemplo, são informações que já estão sendo analisadas pelas empresas e dificilmente o ritmo voltará ao patamar de antes da Covid-19”, analisa o coordenador de cursos na área de Gestão e de Marketing, que aponta outra preocupação contemporânea além da otimização de tempo e de recursos: a saúde mental dos profissionais. “Mais tempo com a família, uma empresa mais humanizada, menos divisão dos espaços, locais abertos de leitura e até sala de descompressão e relaxamento. Tudo isso foi criado para tentar reduzir os impactos do trabalho que exige cada vez mais de seus colaboradores”, afirma.

Esses fatores somados à necessidade do isolamento social em virtude da pandemia tornaram o trabalho remoto uma opção não só viável, mas necessária. Entretanto, não são só facilidades. Essa opção também apresenta desafios, tanto corporativos quanto pessoais. Para Alysson, do ponto de vista corporativo é o controle de processos, entregas e resultados. “Controlar um time virtual é bem mais difícil. As operações são as mesmas, mas é preciso tomar cuidado com comandos ou instruções, por exemplo, via grupos de conversa. Documentar por e-mail facilita o controle e evita que as mensagens sejam perdidas ao longo do dia. É preciso anotar tudo e seguir uma rotina operacional enxuta”, orienta.

Entretanto, o professor acredita que os desafios pessoais são a parte mais difícil do processo. “É preciso ficar atento porque trabalhar em casa não funciona para todo mundo. Muitas pessoas sentem-se bem com a rotina de trocar de roupa, deslocar até o trabalho, conversar com os colegas. É preciso um acompanhamento mais próximo e fortalecer os hábitos saudáveis e de convívio”, afirma o professor, ao ressaltar que o grande desafio é organizar a agenda e ter consciência que o trabalho em casa permite certos confortos, mas nem por isso permite uma quebra de rotina. “É preciso entregar com eficiência. Fechar a porta do quarto ou do escritório e informar para a família que o horário de trabalho precisa ser respeitado, assim como era na rotina presencial”, explica.

Para dar conta dessa dupla jornada, a organização é ponto-chave. “Ter uma comunicação clara com a escola e com o trabalho de modo a compatibilizar esses dois mundos, pode tornar as coisas menos caóticas. A tecnologia também contribui para essa organização. Existem vários aplicativos que são organizadores de tarefas e mantém tudo em rede e acessível de qualquer lugar”, sugere o professor, que acredita que para manter o foco é importante ter rotina, organizar a mesa de trabalho e utilizar ferramentas de gestão. “Não é possível, a meu ver, sentar na sala, cruzar as pernas, ligar a televisão e trabalhar concentrado enquanto a rotina da casa permanece a mesma”, exemplifica.

Quem vivencia esses desafios atualmente é Érica Vaz Cardoso. A secretária acadêmica do IEC PUC Minas coordena uma equipe de 36 funcionários trabalhando em regime híbrido em várias unidades da Universidade, o que foi um desafio a mais no processo de adaptação imposto pela pandemia. Foi preciso vencer diferentes tipos de dificuldades para alcançar a estabilidade que estamos no momento”, afirma. Sem tempo para se preparar, a solução foi se adaptar rapidamente de acordo com as demandas. “Não tivemos nenhuma preparação prévia. Repentinamente, as atividades foram transferidas para o modelo online e aprendemos a trabalhar nesse modelo enquanto estávamos nele. Sempre usamos um ditado aqui no IEC: fazemos manutenção no avião durante o voo.  As atividades mudam muito por aqui e temos uma necessidade muito rápida de adaptação, o que nos deu uma vantagem na transição. Os cursos lato sensu tendem a estar muito ligados ao mercado, que está em constante movimento”, conta Érica.

Na função de gestora, sua principal preocupação foi acomodar toda a equipe nessa nova realidade. “Fico sempre atenta para proporcionar boas condições de trabalho e não queria perder isso. O principal desafio da transição foi dar acesso remoto a todos, acompanhar as dificuldades de cada um e tentar resolver. Foram semanas de muitas conversas individuais e auxílio para que a pessoa se sentisse confortável para desempenhar as atividades com a menor perda possível”, conta.

Processo de escuta contínua, reuniões em grupo e individuais, auxílio quando há necessidade e mensagens de incentivo sobre temas que auxiliam no desenvolvimento profissional e pessoal são algumas das estratégias utilizadas por Érica para estimular e garantir a produtividade e a organização das demandas e dos processos. “Sempre deixo muito claro para todos da equipe quais são as expectativas que cada um precisa alcançar e quais os resultados que o nosso setor precisa entregar. Esse cenário de transparência foi um facilitador porque a troca de informações é contínua. As demandas e processos que precisaram ser ajustados tiveram a participação da equipe, que contribuiu para essa organização e adequação”, conta.

Érica lembra que a pandemia impactou a saúde do trabalhador de forma significativa, com as adaptações, incertezas, medo e ansiedade gerados por esse cenário, e que a retomada do regime híbrido permite também a retomada de parte da rotina que tínhamos anteriormente, o que ela considera positivo.  “Um dos principais ganhos do home office foi eliminar o tempo de deslocamento O acréscimo desse tempo gera benefícios para os funcionários porque eles podem se dedicar às atividades particulares. E eu acredito que isso gera uma melhor qualidade de vida. O trabalho presencial oferece a oportunidade de interação, que é um diferencial nas relações profissionais. A gente aprende a se relacionar com pessoas diferentes, com estilos diferentes. Isso gera aprendizado para a vida, porque temos que equilibrar o que nos agrada com aquilo que não agrada. A experiência do presencial (do olho no olho) permite amadurecimento. No meu ponto de vista, esses dois aspectos se complementam e agregam de forma diferente na vida: ter tempo para atividades particulares e realizar interações presenciais”, opina.

Lívia Arcanjo

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

imprensaiec@pucminas.br | (31) 3131-2824