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Vivemos momentos inquietantes no mundo, no Brasil e, por que não dizer, no município de Contagem, no que tange às questões relacionadas à segurança dos cidadãos. O espaço aqui é curto para uma abordagem mais adequada à importância do tema, mas tentaremos fazê-lo com breves considerações e exemplos. Atônitos, estamos acompanhando os conflitos na Síria e outros similares em vários cantos do planeta. No Brasil, o caso Amarildo no Rio de Janeiro; a violência nas escolas (como o caso dos alunos que tentaram envenenar a vice-diretora em Periquito, na Região do Vale do Rio Doce, Minas Gerais); em São Paulo, garoto de 13 anos é o principal suspeito de matar os pais e parentes, depois dirige o carro da família, vai à escola e comete suicídio; dentista é queimada em consultório após tentativa de assalto. Esses fatos, entre outros, revelam um contexto claro no qual as ações em busca de segurança, quando desconectadas de outras, como a inclusão social e econômica, acabam por não repercutir em sucesso pleno, pois reprimir a violência urbana utilizando-se de meros mecanismos centrados única e exclusivamente na força não surte os efeitos esperados.
Contagem, como todos sabemos, enquadra-se em situação muito peculiar nesse campo, requerendo atenção redobrada das autoridades políticas, forças de segurança, especialistas em segurança pública, urbanistas, técnicos na área de mobilidade e educadores. Em linhas gerais, podemos apontar Contagem como um município da RMBH e, mesmo, do Estado de Minas, com significativa participação na formação da renda regional: já ocupou primeiros lugares no Estado em PIB; já foi considerado o “coração” do eixo industrial da região metropolitana, destacando-se, ainda hoje, com um papel de grande relevância nesse segmento. Neste contexto de presença e destaque regional, o município necessita contar com lideranças políticas e agentes sociais que reconheçam os urgentes desafios a enfrentar – dentre eles, a questão da segurança e da cidadania – e atuem, de fato, no sentido de superar os problemas em pauta.
A PUC Minas em Contagem se assume como um desses agentes sociais, na medida em que – é importante destacar – nossa presença no município nos impõe um papel relevante, capaz de contribuir efetivamente para o processo de transformação social e reversão do quadro de insegurança. Todas as vezes que acolhemos alguém em aflição, seja por ter sido lesado materialmente ou afetado psicologicamente, ou quando nos colocamos diante de recorrentes episódios de violência, procuramos destacar a importância da ação coletiva como um dos principais instrumentos de promoção da segurança. Queremos dizer com isso que, qualquer que seja a medida para o combate à violência urbana, em especial no nosso entorno, precisamos unir forças, numa perspectiva de desenvolvimento e defesa social. Daí a importância de agirmos em parceria com os órgãos de segurança (PMMG, Policia Civil, Guarda Municipal), Secretaria de Defesa Social, Transcon, Redes de Vizinhança e de Comerciantes, alunos, professores e funcionários. É essa a perspectiva do “agir coletivo” e é o que temos procurado fazer, guardadas nossas limitações.
Nessa caminhada, precisamos e contamos com todos os esforços desses agentes citados e de outros tantos. Acreditamos no papel revolucionário que a educação exerce. Projetos de extensão como o Espaço Dignidade e Cidadania, desempenhado por alunos e professores deste Núcleo Universitário; os aproximadamente 200 alunos que devolvemos à sociedade, todos os semestres, formados pelos diversos cursos; as múltiplas ações conjuntas que temos desenvolvido e que poderemos intensificar junto com os órgãos citados, na busca de segurança com cidadania – tudo isso muito nos anima, por mais inseguro que seja o presente e mais incerto o futuro.
Professor Robson dos Santos Marques Pró-reitor adjunto da PUC Minas em Contagem
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