IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 132 | 05/04/2022 a 30/05/2021

Fala, Professor!

Por uma educação com esperança

“Num país como o Brasil, manter a esperança viva é, em si, um ato revolucionário.”
(Paulo Freire)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a Campanha da Fraternidade de 2022 nos convocando a refletir sobre “Fraternidade e Educação”. É uma temática oportuna em nosso País, num momento em que as desigualdades sociais, agravadas pela pandemia da Covid-19, têm levado muitos estudantes a abandonarem a escola.

Em 2020, houve um enorme aumento das situações de exclusão de crianças, adolescentes, jovens e adultos das escolas, sobretudo em função da ausência de políticas efetivas de garantia de acesso às tecnologias necessárias ao ensino remoto - o que desmobilizou muitos estudantes do processo escolar, em especial aqueles que buscaram alguma atividade remunerada como forma de sobrevivência, determinante para o seu desligamento da escola durante a pandemia, que já dura mais de 2 anos. 

O evidente crescimento das desigualdades sociais e a ausência de políticas educacionais não favorecem a efetiva inclusão de todos no contexto escolar, e revelam o racismo estrutural, ao constatarmos que o grande percentual de exclusão escolar atinge, sobretudo, a população negra do nosso País.  Além disso, ainda temos sido massacrados por discursos conservadores, preconceituosos que defendem uma forte censura ao trabalho docente, impondo uma visão única de mundo, extremamente reacionária e excludente.

No cenário educacional do Brasil, é impossível não nos lembrarmos do grande educador Paulo Freire, que nos diria que o momento atual é uma “situação-limite” e que, portanto, podemos permanecer esperançosos ou cair na desesperança. Como ele diria, a esperança exige a luta para a promoção de melhorias na sociedade, já a desesperança gera desânimo, descrença, omissão. A esperança freireana não se resume a esperar, muito ao contrário: se concentra na força da ação. É uma esperança crítica que nos move e, não, um sentimento estático, de caráter passivo. Por ter esperança é que saímos da inércia e ingressamos na práxis – a ação crítica e objetiva pela libertação e pela igualdade.

Augusta Mendonça – Doutora em Educação

Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Psicopedagogia: atuação em contextos educativos

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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