IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 130 | 06/12/2021 a 01/02/2022

Opinião

Vilã ou inocente? As redes sociais trazem uma via de mão dupla. Por vezes, são vistas como encurtadoras de distâncias e espaço para novos negócios, mas também podem ser compreendidas pelo viés da manipulação de dados. A professora Simone Fernandes Queiroz analisa as facetas dessa mesma moeda.

Redes Sociais: os dois lados da mesma moeda

Simone Fernandes Queiroz

 

É evidente como as tecnologias digitais transformaram nosso mundo e nos trouxeram novos paradigmas para as nossas relações, processos e rotinas em vários campos da nossa vida cotidiana. De uma forma mais específica, as redes sociais podem ser consideradas grandes protagonistas dessa transformação, uma vez que se tornaram instrumento primordial para a comunicação e interação entre as pessoas nos dias de hoje.

Dentro da perspectiva do Marketing, as redes sociais propiciaram importantes impactos positivos para as organizações contemporâneas. Por meio delas, as empresas encontraram a solução para escalar seus negócios e desenvolver ações voltadas para estratégias de atração, relacionamento e fidelização com seus consumidores no ambiente digital. Recentemente, suas ferramentas foram aprimoradas de forma a possibilitar a abrangência de todas as etapas do conhecido funil de Marketing promovendo a conversão de vendas que ocorrem por links em suas próprias plataformas.   

No campo da atuação de pessoas físicas, as redes sociais propiciaram o surgimento de uma nova atividade laboral representada pela figura dos influenciadores digitais. Esses profissionais fazem uso de suas imagens e autoridades para apresentar produtos e serviços ligados aos seus estilos de vida. Há também aqueles que se dedicam à criação e disponibilização de conteúdo, transformando-o em algo rentável por meio da monetização.

Entretanto, as redes sociais também podem trazer impactos negativos que representam o outro lado da mesma moeda. Neste caso, devemos redobrar a atenção para identificá-los já que os mesmos podem não ser tão evidentes quanto os positivos.

Do ponto de vista mercadológico, um importante impacto negativo, muitas vezes negligenciado, é o aumento do consumo superficial por parte dos adeptos das redes sociais. Esse comportamento irracional ocorre, principalmente, nas compras de produtos por impulso, motivado por ferramentas de dados fornecidos pela interação do usuário com as redes.

Da mesma forma que negócios e pessoas alcançam credibilidade a uma velocidade vertiginosa nas redes sociais, reputações também podem ser assustadoramente destruídas, da noite para o dia, pelos chamados haters. Esses julgamentos públicos descontrolados que ganham proporções gigantescas causam grande abalo emocional nas pessoas ameaçadas de serem canceladas, termo utilizado nos meios digitais para a exclusão de influencers, por parte de seguidores nas redes sociais de forma organizada ou não.

Talvez um dos mais importantes impactos negativos das redes sociais sejam aqueles derivados de sua utilização para a manipulação do comportamento dos usuários com finalidades políticas que envolvem processos eleitorais. Uma interessante abordagem sobre este fenômeno pode ser vista no documentário Privacidade Hackeada, disponível na plataforma de streaming Netflix. Nele se revela o escândalo da empresa Cambridge Analytica e as repercussões de sua atuação na consulta popular que definiu a retirada do Reino Unido da União Europeia, processo conhecido como Brextit.

Outra empolgante obra cinematográfica que retrata o lado negativo das redes sociais, essa de caráter ficcional, é o drama polonês Redes de Ódio também da Netflix. Na trama, um estudante expulso da universidade desenvolve campanhas nas redes que infringem os mais básicos princípios éticos, disseminando intencionalmente fake news e causando violência generalizada entre grupos extremistas.  Vale a pena conferir.

 

 Dra. Simone Fernandes Queiroz é Coordenadora do Curso de Especialização em Marketing Digital e Mídias Sociais da PUC Minas

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