IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 127 | 15/06/2021 a 15/08/2021

Em dia com o Mercado

Viver a velhice com alegria

Wanderley Walkmar Rodrigues Teixeira é psicólogo especialista em Gerontologia, músico e empreendedor. Desde o segundo semestre de 2020, ele está à frente do Residencial para Idosos Flores da Estação. Sua grande paixão, que ele entende como projeto de vida, começou ainda na faculdade ao aceitar uma proposta de estágio numa casa de repouso. A partir dessa experiência, que tem mais de dez anos, muita coisa mudou em sua vida: “Nessa época eu tocava MPB em bar e fazia a faculdade de psicologia. Quando comecei a ter contato com as músicas que os idosos ouviam, fiquei apaixonado. Hoje, meu repertório é composto por músicas antigas, algumas datadas do século XVIII. Não toco mais em bar e meu público agora são os idosos. Antes da pandemia, fazia apresentações em mais de 20 casas de repouso”, conta.

O psicólogo explica que, ao unir a psicologia às músicas da época de ouro das rádios nacionais, ele conseguiu criar uma forma de conexão com o idoso muito rica. A busca por conhecer mais a fundo o universo da terceira idade o fez buscar a pós-graduação em Gerontologia no IEC, concluída em 2019. “Quando entrei, queria me preparar para me tornar uma referência no cuidado ao idoso na área da psicologia. Me preparava para isso, estudando e em processo de montagem de uma clínica especializada no cuidado psicológico com o idoso. No meio do caminho, as coisas mudaram um pouco e eu tive a oportunidade de iniciar o projeto da casa  de repouso, que era um sonho, mas ainda não pensado para agora”, afirma. Saiba mais sobre sua atuação na entrevista abaixo:

O Residencial começou a funcionar no meio do ano passado, ou seja, durante a pandemia. Como foi abrir um negócio nesse contexto?

Eu não pensava em abrir uma casa para idosos por agora. Minha ideia era tocar a clínica, me especializar no cuidado com o idoso, aprender mais sobre envelhecimento e tocar os outros projetos e iniciativas que já tenho, enfim... Acontece que a proprietária de uma das casas onde eu trabalhava como psicólogo me contou que iria fechar. Como ela sabia do meu desejo de um dia ter um espaço assim, ela me perguntou se eu toparia ficar com o espaço. Conversei com minha esposa e decidimos vender carro, mexer nas nossas economias e viver hoje algo planejado para um futuro incerto. A Flores da Estação está funcionando desde outubro do ano passado. Foram dois meses de reformas e adaptações para deixar o lugar o mais seguro e agradável possível.

Quantos idosos você acolhe hoje? Qual a capacidade máxima do Residencial?

Atualmente, estamos com oito moradores, quase um morador por mês, já que temos nove meses de casa aberta. Acho uma boa média. Aqui há vagas para 18 residentes.

Quais as atividades são oferecidas por lá? Você está presente, acompanha, está perto?

Oferecemos fisioterapia, musicoterapia, terapia ocupacional, roda de conversa, jardinagem, psicoterapia, dança, nutrição. Eu gosto de pensar a velhice com alegria. Idoso tem vida, tem vontade, tem memória, saudade... Minha vontade, quando abri a casa, era essa: a de proporcionar um espaço vivo para que o idoso pudesse de fato aproveitar seus dias e viver com alegria. Durante a semana, passo 12 horas dos meus dias no Residencial. Aos finais de semana, costumamos fazer karaokê com eles – e eles amam! – então, acabo indo aos finais de semana também. Estou sempre perto, me divirto muito com eles, e aprendo muito também. Trabalho diretamente com eles com estimulação cognitiva por meio da música e da criatividade e de outras ferramentas, como jogos de memória, tabuleiro, xadrez etc. 

Conte alguma história marcante na sua trajetória:

Teve uma senhora, ainda na época do estágio, que me pediu uma música. E ela cantava a música muito feliz, de um jeito muito bonito. A música era Maringá, de Joubert de Carvalho, cantada por Silvio Caldas. Essa música me chamou muito a atenção e foi uma das primeiras que coloquei no repertório. 

Além da clínica, você já teve outros empreendimentos voltados para os idosos? Qual ou quais?

Mantenho o Psicologia do Envelhecimento, um canal no Youtube sobre o tema. Antes do Flores da Estação, estava com um projeto de serestas muito bacana: a ideia era levar música para as pessoas nos moldes antigos, cantando debaixo de suas janelas. Além deste, iniciei um projeto de lives para idosos,que teve inicio com um evento pensado para o Dia das Mães, gerando excelente paricipação de Casas de Idosos no Brasil e em outros países. Quero retomar ainda esses projetos e criar outros, mas atualmente o Residencial me consome todo o tempo disponível!   

Em que medida a pós-graduação em Gerontologia o ajudou com o empreendimento? Você a recomendaria? Porque?

Mesmo não tendo começado a pós para montar a clínica, entendo que o curso me ajudou a ingressar mais a fundo no universo do idoso e do envelhecimento.  A pós é uma excelente oportunidade para entender os desejos, as realidades, as vivências e os desejos dos idosos.

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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