IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 127 | 15/06/2021 a 15/08/2021

Destaque

Se tudo der certo, você vai envelhecer

Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que haja um médico geriatra para cada mil habitantes, dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia mostram que, hoje em dia, há cerca de 1.400 especialistas na área atuando em todo o país. Uma projeção aponta dados bastante alarmantes no que se refere ao envelhecimento no Brasil: em 2027, a proporção será de um especialista para cada 12 mil idosos. Em alguns estados, a situação fica drástica, como no Maranhão, por exemplo, em que o panorama aponta para um profisisonal para cerca de 57 mil idosos.

Recente levantamento realizado ano passado pela mesma Organização aponta que até 2025, o Brasil terá 40% dos idosos da América Latina e será o sexto país com o maior número de velhos no mundo. Somado ao desequilíbrio na formação do cuidado especializado, os dados levantam uma questão urgente: quem vai cuidar de nossos idosos? Em suma, quem vai cuidar da gente, quando a gente envelhecer?

O médico geriatra Estevão Valle se fez essa pergunta em 2012, quando começou a empreender. Mestre e doutor em Ciências da Saúde, ele é fundador e diretor da Mais 60 Saúde, clínica multidisciplinar voltada para pessoas acima dos 60 anos. Ele conta que passou a se interessar pelo empreendedorismo à medida que estudava sobre o envelhecimento, especialmente no Brasil. De acordo com ele, há estudos que mostram o aumento no investimento na área da saúde, tanto por parte do estado quanto por parte das famílias. O crescimento, exponencial, começa a ser bastante nítido, de acordo com ele, a partir de 2010. “Os números me mostraram algumas coisas, entre elas, que o país está envelhecendo e gastando recursos para manter seus idosos”, aponta.  

Para ele, é importante compreender o cenário atual e saber enxergar esses dados como oportunidades para atuar no nicho de forma criativa e inovadora. “Há uma associação chamada Aging 2.0 que criou um modelo visual, uma mandala que traz os grandes desafios que precisam ser enfrentados pela nossa sociedade, pelos governos e pelo mercado no que se refere aos idosos. São temas como “engajamento e propósito”, “finitude”, “saúde cerebral”, “coordenação de cuidados”, “mobilidade” entre outros. Ou seja, há muitas questões que abrem espaços para ser criativo e inovar com base nesses desafios”, conta.

Inovações no campo da gerontologia

Algumas iniciativas em Minas Gerais e no Brasil começaram suas atividades como startups e hoje são bastante conhecidas nos nichos a que pertencem. Confira algumas delas:

- +60 Saúde: se propõe a ser um coordenador de cuidados multidisciplinar que atua nos cuidados do idoso desde 2012. Possui um software próprio para monitorar os resultados. Atualmente monitora mais de 4.500 vidas. Realizou mais de 110 mil atendimentos em 2020 e mais de 10 mil atendimentos por mês apenas no segundo semestre.  Fazem monitoramento de resultados de exames e possiu resultados positivos na população acompanhada: alto índice de redução de doenças crônicas, diminuição de uso de Pronto Socorro e diminuição de internação por fratura de fêmur.

- Helpmy: startup mineira que trabalha a formação de cuidadores e a conexão entre eles e as  famílias de idosos com necessidades específicas. Usa a tecnologia tanto para ensinar os cuidadores quanto para conectá-los com as famílias.

- TechBalance: Software que, adaptado ao celular, consegue medir o risco de queda de uma pessoa idosa, a melhora com os tratamentos e mapeia as necessidades específicas do paciente em relação ao equilíbrio.

- Manuel: Amigo digital que fala, escuta e monitora. Meio de comunicação que possibilita a ligação direta com médicos, familiares, clínicas etc.

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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