IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 118 | 17/03/2020 a 17/04/2020

Opinião

O mês de março permite pensar sobre a luta diária de todas as mulheres. Em artigo, a professora Fernanda Versiani fala sobre os pilares da igualdade de gênero nas empresas.

Reflexões para um ambiente de trabalho mais igualitário

O mês de março permite pensar sobre a luta diária de todas as mulheres. Em artigo, a professora Fernanda Versiani fala sobre os pilares da igualdade de gênero nas empresas.

 

Há muito discutimos sobre a presença das mulheres no ambiente de trabalho, principalmente quanto às barreiras enfrentadas por elas em um mundo machista, que ainda subestima – e muito – o nosso papel na sociedade.  Por mais que muitas conquistas já tenham ocorrido e seja um tema cada vez mais discutido, as mulheres ainda são vistas como inferiores e incapacitadas para ocuparem, por exemplo, posições hierarquicamente mais altas como gerências e diretorias. Consequentemente, acabamos por ter salários inferiores aos dos homens, mesmo quando somos igualmente ou mais qualificadas. Além disso, o trabalho doméstico visto como trabalho exclusivo das mulheres, faz com que elas fiquem sobrecarregadas chegando a ter uma tripla jornada de trabalho: trabalho, casa e filhos.

Enquanto consultora e pesquisadora da área, observo um ambiente corporativo no qual as mulheres, ao alcançarem posições de poder, muitas vezes são vistas por estarem ali por serem bonitas ou por terem sido indicadas por algum homem. Assim, as mulheres no ambiente de trabalho acabam tendo que provar a sua competência a todo o momento, em uma tentativa para tentarem se livras dos rótulos. É uma luta diária. E não são poucos os rótulos que as mulheres carregam e precisam lidar no ambiente de trabalho. Quem nunca ouviu uma piada de cunho machista ou “brincadeiras”, como por exemplo: “você tem que se impor igual a um homem”; “essa é a fulana bonitinha que trabalha com a gente”. Esses comentários são mais comuns do que pensamos, reforçando a discriminação de gênero no ambiente de trabalho. Para conseguir ter um ambiente menos preconceituoso, é necessário respeito e empatia. É preciso se colocar no lugar do outro e, como diz o ditado, “não faça com o outro o que não gostaria que fizesse com você”. 

 

Os pilares da igualdade de gênero

  1. Para disseminarmos a cultura da igualdade de gênero no ambiente corporativo, o primeiro passo é a INFORMAÇÃO e o conhecimento. As pessoas precisam entender melhor o que é a desigualdade de gênero e suas implicações. Não é uma discussão pela superioridade de um dos gêneros, mas sim pela igualdade.
  2. O segundo pilar é o RESPEITO. A partir do momento em que as pessoas tomam conhecimento, elas tendem a respeitar mais o próximo e a pensar uma, duas, três vezes antes de ter um comportamento que reproduz o machismo.
  3. O terceiro pilar para a igualdade de gênero é a INFLUÊNCIA POSITIVA, isto é, quando o ambiente de trabalho sofre influência das duas diretrizes anteriores, as pessoas tem mais facilidade de se reproduzir uma cultura positiva e de valorização da igualdade junto aos seus colegas de trabalho, o que contribuiu para um ambiente menos preconceituoso e discriminatório.

 

Profissão não tem sexo

Lutar pela igualdade de gênero no ambiente de trabalho, é romper com paradigmas que dizem que as mulheres estão ligadas somente a profissões que remetem ao cuidado, como enfermeira, professora de ensino fundamental, assistente social, entre outras. É entender que as habilidades e competências profissionais não são produtos da ordem biológica ou hormonal, mas do processo de aprendizagem. Essa mudança de pensamento deve fazer parte da cultura organizacional, tornando-se um valor compartilhado por toda a equipe.                                

São necessários treinamentos e palestras para que os colaboradores possam entender, discutir e refletir sobre a igualdade de gênero. Mas, isso não pode ficar somente no discurso, como acontece na maioria das vezes, é preciso colocar em prática. Para isso, uma boa opção está em começar pelas mudanças estruturais, quanto ao processo de recrutamento e seleção, ao plano de carreira e à revisão de salários, garantindo que as mulheres sejam vistas apenas por suas competências e habilidades.

 

Sem medo de mudanças

Toda mudança é difícil e mexe na zona de conforto de todos nós. Ter um discurso de inclusão à diversidade de gênero, de conscientização sobre os comportamentos machistas, por si só, é necessário, mas não suficiente. É preciso ir além, é preciso mudar.  Então, rever a estrutura organizacional e mudar ações e políticas que não retratam o discurso da igualdade é primordial para quem deseja ter um ambiente de trabalho mais igualitário.  Precisamos falar e praticar, precisamos agir e influenciar.

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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