IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 125 | 10/02/2021 a 10/03/2021

Opinião

Em tempos de pandemia muitas são as questões em torno de nossas escolhas e caminhos. Será que a única saída é adoecer? Somos vítimas inevitáveis de uma tragédia global? Laura Ituassu, professora de cursos do IEC e pesquisadora de competências comportamentais analisa onde e como é possível, no meio do caos, encontrar sinais de atitudes saudáveis. Confira:

Competências da Pandemia

Laura Ituassu*

Muito se tem falado sobre as grandes dificuldades que a pandemia da Covid19 impôs às pessoas de todas as nações. Para a psiquiatria, é sabido que quando algo que não esperamos acontece, tirando de nós as rotinas conhecidas, o impacto psíquico é forte e as reações de pânico, paralização e angústia são sintomas esperados. Não é de se estranhar, portanto, que os índices de depressão, transtornos de ansiedade, violência familiar, alcoolismo, dentre tantos outros aumentem significativamente, como indicam as estatísticas amplamente divulgadas em todo o mundo.

Mas será que o adoecimento é a única saída? Será que somos todos vítimas inevitáveis de uma tragédia global? Pela minha formação e a linha de pesquisa que decidi abraçar, meu olhar sempre procura, no meio do caos, sinais de atitudes saudáveis, que mostrem o poder de superação do ser humano.

Quem procura acha e com frequência chegam até mim relatos de reações muito construtivas, como a de crianças confinadas que se tornam escritoras de livros, contando histórias de suas próprias experiências; de idosos que aprendem a usar a Internet para se conectar com seus netos e descobrem o mundo; de adolescentes que abrem pequenos negócios online para ajudar a família e se tornam heróis; de jovens profissionais que aproveitam as conexões virtuais para impulsionar suas carreiras e abrem oportunidades surpreendentes; de empreendedores que criam saídas inovadoras para seus negócios e descobrem novos nichos de atuação, além de uma infinidade de atitudes coletivas e colaborativas que, muito provavelmente, não teriam acontecido se não houvesse uma pedra tão gigantesca no meio do caminho.

O que leva uma pessoa a reagir de forma destrutiva ou construtiva diante de um obstáculo envolve muitas variáveis mas, uma delas com certeza, é o quanto cada um é capaz de acreditar em si mesmo. Perceber-se como o grande articulador do seu destino, com potencial para gerar transformações no ambiente, em colaboração com os outros, é uma capacidade a que chamamos competência socioemocional. Ela é uma habilidade não cognitiva, está presente tanto em grandes líderes quanto em pequenos cidadãos e pode mudar o mundo.

O efeito pandemia mostrou que tais competências são a base de qualquer transformação pessoal, profissional, social e global. Quanto mais pessoas acreditando que podem agir em colaboração para melhorar o mundo para todos, mais iniciativas teremos neste sentido e maiores serão as resistências a exploração desumana e antiética do meio ambiente e das pessoas.

Para saber se você possui tais competências, pergunte-se:

  • O que construiu durante quase um ano de pandemia?
  • Gerou alguma transformação – pessoal, familiar, profissional, social - com sua atitude?
  • Já pensou até onde quer chegar? Está em movimento?

Se você tem boas respostas para estas perguntas, bom sinal! Você está a caminho e vai gerar resultados, não tenha dúvida. Se você ainda não pensou em nenhuma destas questões, comece agora, pois o cenário já está mudando com a chegada das vacinas e novas oportunidades estão por vir.

Não espere outra pandemia para desenvolver suas competências socioemocionais. Cada pequeno desafio do dia a dia é um estímulo para construir habilidades não cognitivas.

*Professora de cursos do IEC PUC Minas, pesquisadora do tema competências comportamentais, fundadora e diretora executiva da SHARE360 - uma empresa de mapeamento socioemocional e apaixonada por novos desafios.

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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