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Eis que nos aproximamos do fechamento de mais um período letivo, completando alguns anos de profícua experiência no Núcleo Universitário de Contagem – anos marcados por um convívio pleno e egrégio com os demais da Administração Superior, todos indubitavelmente dotados de enorme bagagem e sempre disponíveis para nos ajudar na caminhada do dia a dia.
Nessa trajetória, não podemos deixar de citar a enobrecedora companhia do nosso diretor acadêmico, professor Odil de Lara Pinto, pessoa com a qual compartilho quase tudo. Talvez não o faça na sua plenitude mais por limitações de ordem institucional e, quiçá, para poupá-lo de decisões que eu diria difíceis.
Também, nesse campo da gestão, é fundamental registrar as contribuições advindas de nossos colaboradores internos - chefes de departamento e coordenadores de curso com os respectivos colegiados didáticos, os professores, a Pastoral PUC Minas, a extensão, a pesquisa e pós-graduação, os chefes de setores, todo o corpo técnico-administrativo, a comunidade em geral, especialmente a do nosso entorno, entre tantos outros.
Nesse passar do tempo, sinto-me incorporando importantes ensinamentos, como os adquiridos no PDG – Programa de Desenvolvimento Gerencial da PUC Minas, oferecido em 2010. Marco Túlio Zanini trouxe-nos importantes questões relacionadas à “liderança baseada em valores”, tema por ele apontado como um paradoxo nas organizações contemporâneas.
Dos diversos dilemas e contradições mencionados, Zanini fala-nos da perspectiva de mantermos flexibilidade nos processos de gestão, de inovarmos continuamente vis à vis as demandas impostas pelo elevado grau de modernização do mercado, digo mais, no atual mundo do trabalho, e se refere, ainda, à necessidade de geração de diferenciais competitivos que preservem a sustentabilidade. Por mais que devamos criticar os ritmos alucinados, quase sempre impostos pelo mercado, hoje em dia, cabe reconhecer que o processo de produção social depende, essencialmente, “do conhecimento, da motivação, do esforço individual”.
Penso ser importante, aqui, não confundirmos esforço individual com algo não hierarquizado ou desvinculado de sua dimensão institucional mais ampla. Do contrário, incorreríamos naquilo que o nosso pró-reitor de Recursos Humanos, professor Sérgio Martins, afirma em entrevista recente: que “...é quase como se fosse uma instituição distinta. A impressão é de que, muitas vezes, o lugar tem a cara, o perfil do gestor, a visão do gestor – o que denota uma falta de identidade institucional nos processos.”
Resumidamente, estamos querendo expressar ensinamentos do dia a dia, apreendidos – no sentido da “Arte de Ensinar e Aprender”, proposto por Laterza – da prática de valores, sendo o valor entendido como aquela “importância atribuída à pessoa, definindo uma hierarquia de prioridades e sacrifícios”.
Nessa perspectiva, a liderança, para ser melhor compreendida e seguida, deve considerar a dimensão coletiva nos processos sociais do trabalho e da organização. Como diz Zanini, é necessária a criação de uma cultura de interdependência, na qual todos estejam comprometidos com a entrega de valor, na qual a contribuição de cada um seja relevante para a formação do todo. Em suma: a boa gestão ou liderança, baseada em valores, é aquela que, mesmo na ausência de seu agente, mantém as coisas funcionando.
Uma vez que já dispomos de um conjunto de valores instituídos e hierarquizados e, ainda, que nos sentimos capazes de expressar e oferecer cotidianamente nossos valores individuais, podemos, com alegria, seguir em frente.
Professor Robson dos Santos Marques Pró-reitor Adjunto da PUC Minas em Contagem
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