Pós-graduação stricto sensu: Quebra de barreiras psicológicas e tecnológicas

Não foi somente na graduação que o Regime Letivo Remoto teve que ser implementado. Para quase 1,5 mil estudantes dos 17 Programas de Pós-graduação stricto sensu da Universidade, que oferecem 29 cursos de mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado, também.

“Com o regime remoto pudemos fazer limonada com os limões que nos foram impostos”, define a mestranda Fernanda Lavall, do mestrado em Ortodontia, que, desde 16 de março, tem aulas teóricas por meio desse regime. “Minha opinião é de que a implementação desse regime foi muito positiva, pois permitiu a manutenção do calendário letivo e diminuiu as distâncias físicas criadas pelo isolamento social”, observa.

Para a estudante Rafaela Resende, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais, “a transição para o regime remoto na PUC foi rápida e eficiente”. Para ela, “os professores logo se adaptaram ao novo regime e o mesmo aconteceu em relação aos alunos. O regime remoto permite flexibilidade no que diz respeito às aulas”.

Pesquisa feita pela Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação (PROPPg) da Universidade, de acordo com dados apresentados pelo pró-reitor Sérgio de Morais Hanriot à Reitoria, revela que a maioria desses estudantes do stricto sensu disse ter entendido a necessidade de a migração forçada das aulas presenciais para o ambiente remoto, devido à pandemia do Coronavírus. “E fez muito bem (a migração), tendo sido a primeira Universidade em Minas Gerais a adotar esse regime”, diz o pró-reitor. Estão sendo utilizadas duas plataformas, o Canvas ou o Teams.

“Tenho adotado a seguinte estratégia de estudo: assisto às aulas e faço minhas anotações. Caso fique alguma dúvida, volto no vídeo da aula e assisto a parte sobre o assunto. Isso nos dá ainda mais autonomia sobre o processo de aprendizagem”, diz a aluna Rafaela. “Apesar de amar as aulas presenciais, compreendo a necessidade do regime remoto diante do cenário que estamos vivendo”, pontua.

Acervo Pessoal

Fernanda Lavall, mestranda em Ortodontia, acredita que a implementação do Regime Letivo Remoto foi positiva, pois permitiu manter o calendário letivo

Professora da graduação e do Programa de Pós-graduação em Odontologia, Giovanna Ribeiro Souto diz que o Regime Letivo Remoto modificou a forma de dar aulas e orientar alunos. “Na pós-graduação, as disciplinas trabalhadas remotamente permitiram que os alunos desenvolvessem habilidades como autonomia, disciplina, organização e capacidade de readaptação para que pudessem aprender remotamente. Esse aprendizado é muito importante para nossos alunos de pós-graduação, pois, possivelmente, eles irão ensinar de forma remota”, considera.

A professora Giovanna cita ações inovadoras que foram propiciadas pelo regime remoto, como o desenvolvimento recente de projeto de pesquisa: “A utilização de novas tecnologias para ensino que substituem o uso do microscópio óptico de bancada, através do uso de lâminas digitalizadas visualizadas por meio de um software. Esse projeto foi implantado durante algumas práticas na graduação. Assim, surgiu a necessidade de pesquisar sobre o aprendizado e a experiência dos alunos da graduação que usaram esta tecnologia durante o Regime Letivo Remoto”.

Acervo Pessoal

Para a doutoranda Rafaela Resende, “a transição para o regime remoto na PUC foi rápida e eficiente”

Apesar do reconhecimento da maioria dos alunos ao regime remoto, e de alguns dos seus benefícios, como a redução de custos de transporte, por exemplo, a pesquisa da PROPPg revelou que a grande maioria prefere aulas presenciais, outras vertentes e variáveis do ensino presencial, relata o pró-reitor.

Também não houve qualquer prejuízo, assim como das aulas teóricas, para as pesquisas e orientações que não envolvem laboratórios, dos professores para a construção das dissertações e teses a serem defendidas pelos alunos. Agências de financiamento como Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) deram maiores prazos para os bolsistas, bem como a PUC Minas, para que eles terminem seus trabalhos, lembra Sérgio Hanriot. Para o pró-reitor, outro horizonte que se descortina é o de que as defesas de dissertações e teses, que em sua maioria na PUC Minas era presencial, devem se propagar com bancas examinadoras virtuais.

O professor Sérgio Hanriot observa que o Regime Letivo Remoto conseguiu quebrar barreiras psicológicas e tecnológicas. “O que a gente esperaria trabalhar em um ambiente virtual daqui a dois anos foi feito em dois meses”, compara o pró-reitor, que diz que essa importante ferramenta agora veio para ficar.

Coordenador-geral dos Programas de Pós-graduação, o professor Nilo Bazzoli diz que as aulas teóricas estão sendo cumpridas de acordo com o cronograma, cujos professores têm recebido orientações da PROPPg e da PUC Minas. Com relação às disciplinas práticas, de acordo com ele, os programas as trabalharão quando esses espaços voltarem a funcionar. O professor Nilo ressalta o empenho dos coordenadores dos Programas e dos professores para transmitir conteúdo de qualidade, o que está exigindo muito trabalho, observou o professor.

O coordenador-geral ressalta que a maior dificuldade coincidiu com o regime letivo remoto: o corte das bolsas para pós-graduação para alguns alunos pelas agências de fomento, e também falta de verba para pesquisa, cujos editais também não têm sido por elas publicados, diz.

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