Surpreendente. Na década de 1990 o setor do turismo de BH pensava em posicionar a cidade como uma capital capaz de confrontar a cidades como Rio e Salvador por oposição. Aqui, o turista poderia vir para descansar. Veja só o que acontece agora em 2019. Não poderíamos imaginar. Não houve planejamento para isso. Não houve uma política pública específica. Tudo saiu do povo, da juventude mineira. E, então, o estado teve que se adaptar.
Ele tem que escolher em qual setor atuar e estar atento para as mudanças. Ele vai investir na hospedagem de turistas? Ou vai criar um receptivo, pensando o acolhimento a partir de circuitos específicos? Mas ele pode também criar um bloco, inventar seu próprio carro gastronômico etc. Independente daquilo que fizer, é necessário que se faça bem feito. Deve existir um estudo e planejamento para que não haja fracasso. Estar atento às mudanças, como disse, é imperativo. Uma nova bebida ou comida podem surgir... Um novo bloco, criado a partir da velocidade da roda da história.
Não creio que se possa dizer que o Turismo cresceu na mesma proporção daquilo que ocorreu com o carnaval da capital. Entretanto, pode-se dizer que não houve uma queda significativa para o Turismo de BH nos outros segmentos. Com exceção daquilo que acontece em fevereiro/março, BH continua vocacionada para o turismo de eventos e negócios. Equipamentos como o Minascentro e o Expominas seguem como alicerce turístico deste tipo de turismo. E é a partir dele que outros tipos de turismo acontecem.
A PBH tem grande importância. E não só ela, como também o Estado. É preciso que haja regulação e apoio em áreas nas quais o privado costuma não alcançar. A segurança é uma delas. A questão de certas infraestruturas é outra. A determinação de horários, percurso de blocos, banheiros espalhados pela cidade são exemplos da ação do Estado para que a festa aconteça.
O turismo em BH precisa ser maior do que o carnaval. Acho que ele poderia partir dos blocos que deram super certo neste período do ano para trazer para BH e para o Estado possibilidades culturais mais decisivas. BH poderia se tornar um polo capaz de irradiar turismo cultural e de lazer para o restante de Minas Gerais. Acontecimentos como o de Brumadinho mostram que o setor público precisa inventar outra coisa que não seja a mineração para arrecadar. Quer um exemplo? Veja o que acaba de acontecer com relação à decisão do Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam, que acaba de autorizar a retomada da mineração na Serra da Piedade. Investimentos como aqueles que foram feitos pela Arquidiocese de BH - capazes de oferecer outra perspectiva para o turismo de BH e de Minas - podem simplesmente ruir em função de decisões equivocadas e atrasadas no tempo, como a que nos presenteou o Copam na semana passada.
O papel da população é decisivo. Foi ela que foi para as ruas e mudou o mapa do Carnaval Brasileiro. É ela também - sou capaz de apostar! - que irá exigir nas ruas que nossas autoridades invistam em perspectivas mais sustentáveis e lúcidas para o turismo que é feito nestas Gerais.
Saber que turismo não é brincadeira e que exige dedicação total. Aquele que trabalha com turismo é, apenas por isto, um herói. Pessoa que deixa de lado a possibilidade de se divertir para cuidar da diversão do outro. O cara que investe no turismo - trabalhando ou estudando - é capaz de realizar seu próprio sonho na realização do sonho do outro. Quer coisa mais bacana e importante do que isto?
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