IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 111 | 01/03/2019 a 31/03/2019

Destaque

BH: carnaval da folia e de bons negócios

Você se lembra de quando Belo Horizonte era sinônimo de calmaria no Carnaval? Um tempo que já ficou no passado, é claro. Para 2019, são esperados mais de 4,6 milhões de foliões na capital mineira. Serão 23 dias de festa (de acordo com a programação oficial da PBH) e 515 blocos desfilando pelas ruas, segundo a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). Para entender melhor este movimento e a transformação pela qual passou a cidade nos últimos anos, conversamos com o professor Edmundo de Novaes Gomes, um dos coordenadores do MBA em Gestão Hoteleira e Turismo. Ele é jornalista, publicitário e possui doutorado na área de lazer. Foi um dos criadores do curso de Turismo na PUC Minas.

 

  1. Como avalia o crescimento do carnaval em BH nos últimos anos?

Surpreendente. Na década de 1990 o setor do turismo de BH pensava em posicionar a cidade como uma capital capaz de confrontar a cidades como Rio e Salvador por oposição. Aqui, o turista poderia vir para descansar. Veja só o que acontece agora em 2019. Não poderíamos imaginar. Não houve planejamento para isso. Não houve uma política pública específica. Tudo saiu do povo, da juventude mineira. E, então, o estado teve que se adaptar.

  1. O mercado do carnaval está em expansão em BH. Qual o recado para o profissional que quer faturar nesse momento?

Ele tem que escolher em qual setor atuar e estar atento para as mudanças. Ele vai investir na hospedagem de turistas? Ou vai criar um receptivo, pensando o acolhimento a partir de circuitos específicos? Mas ele pode também criar um bloco, inventar seu próprio carro gastronômico etc. Independente daquilo que fizer, é necessário que se faça bem feito. Deve existir um estudo e planejamento para que não haja fracasso. Estar atento às mudanças, como disse, é imperativo. Uma nova bebida ou comida podem surgir... Um novo bloco, criado a partir da velocidade da roda da história. 

  1. Qual a vocação da cidade de BH nesse contexto?

Não creio que se possa dizer que o Turismo cresceu na mesma proporção daquilo que ocorreu com o carnaval da capital. Entretanto, pode-se dizer que não houve uma queda significativa para o Turismo de BH nos outros segmentos. Com exceção daquilo que acontece em fevereiro/março, BH continua vocacionada para o turismo de eventos e negócios. Equipamentos como o Minascentro e o Expominas seguem como alicerce turístico deste tipo de turismo. E é a partir dele que outros tipos de turismo acontecem.

  1. Qual a importância da Prefeitura neste contexto de ocupação pública do carnaval?

A PBH tem grande importância. E não só ela, como também o Estado. É preciso que haja regulação e apoio em áreas nas quais o privado costuma não alcançar. A segurança é uma delas. A questão de certas infraestruturas é outra. A determinação de horários, percurso de blocos, banheiros espalhados pela cidade são exemplos da ação do Estado para que a festa aconteça.

"BH poderia se tornar um polo capaz de irradiar turismo cultural e de lazer para o restante de Minas Gerais. Acontecimentos como o de Brumadinho mostram que o setor público precisa inventar outra coisa que não seja a mineração para arrecadar", diz o professor Edmundo.

 

  1. Sobre a vocação do nosso município, como você enxerga o carnaval para o setor? Esse movimento de crescimento surpreende ou é apenas um caminho comercial bem executado pela prefeitura?

O turismo em BH precisa ser maior do que o carnaval. Acho que ele poderia partir dos blocos que deram super certo neste período do ano para trazer para BH e para o Estado possibilidades culturais mais decisivas. BH poderia se tornar um polo capaz de irradiar turismo cultural e de lazer para o restante de Minas Gerais. Acontecimentos como o de Brumadinho mostram que o setor público precisa inventar outra coisa que não seja a mineração para arrecadar. Quer um exemplo? Veja o que acaba de acontecer com relação à decisão do Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam, que acaba de autorizar a retomada da mineração na Serra da Piedade. Investimentos como aqueles que foram feitos pela Arquidiocese de BH - capazes de oferecer outra perspectiva para o turismo de BH e de Minas - podem simplesmente ruir em função de decisões equivocadas e atrasadas no tempo, como a que nos presenteou o Copam na semana passada. 

  1. Qual o papel da população nessa ocupação do espaço público e nesse ressurgimento da cidade para o carnaval?

O papel da população é decisivo. Foi ela que foi para as ruas e mudou o mapa do Carnaval Brasileiro. É ela também - sou capaz de apostar! - que irá exigir nas ruas que nossas autoridades invistam em perspectivas mais sustentáveis e lúcidas para o turismo que é feito nestas Gerais.

  1. Qual a dica ou mandamento inicial para quem quer trabalhar no setor de turismo?

Saber que turismo não é brincadeira e que exige dedicação total. Aquele que trabalha com turismo é, apenas por isto, um herói. Pessoa que deixa de lado a possibilidade de se divertir para cuidar da diversão do outro. O cara que investe no turismo - trabalhando ou estudando - é capaz de realizar seu próprio sonho na realização do sonho do outro. Quer coisa mais bacana e importante do que isto?

 

Saiba mais sobre o curso de MBA em Gestão Hoteleira e Turismo

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

imprensaiec@pucminas.br | (31) 3131-2824