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Na terça-feira, 29 de setembro, às 10h, haverá o lançamento nacional de duas publicações que tiveram participação da PUC Minas: o Atlas da Migração Venezuelana e o livro da pesquisa Impacto da Pandemia de Covid-19 nas Migrações Internacionais. O evento, que será transmitido pelo https://www.facebook.com/OIMBrasil/, é do Programa de Pós-graduação em Geografia da PUC Minas e do Curso de Serviço Social da Universidade, Observatório da Migração de São Paulo, Fundo de População das Nações Unidas, Organização para as Migrações das Nações Unidas, Ministério Público do Trabalho e Ministério da Justiça. Na quarta, 30, haverá o lançamento da pesquisa de Minas Gerais, às 19h, em parceria com o Fórum de Migração Internacional do Estado de Minas Gerais. A transmissão será pelo You Tube.
A pesquisa foi coordenada pela PUC Minas em parceria com o Núcleo de Estudos da População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP). Foram pesquisados 2.474 imigrantes que responderam a um questionário disponível por meio remoto. Essa foi a primeira pesquisa feita no país tratando dos efeitos da pandemia sobre a vida dos imigrantes internacionais. A pesquisa aconteceu em 23 estados brasileiros e contou com a participação de diversas Instituições de Ensino Superior. A equipe da PUC Minas envolveu, além de professores do Programa de Pós-graduação em Geografia, Duval Fernandes (um dos coordenadores da pesquisa) , e Serviço Social, Maria da Consolação Gomes de Castro, estudantes do doutorado em Geografia, Felipe Borges, e do mestrado em Psicologia, Henrique Galhano, egressa do Curso de Direito Juliana Rocha, e os estudantes do Curso de Serviço Social Amanda Dantas Rosa e Vitor Pereira.
O Atlas Migrações Venezuelanas revela os espaços dessa migração internacional nas regiões e cidades do Brasil e seus perfis sociodemográficos. Para conhecer a imigração da Venezuela para o Brasil, em sua heterogeneidade e complexidade, é preciso combinar diversas fontes de informação com o mapeamento de indicadores selecionados no estudo das múltiplas faces dessa imigração. Este Atlas traz para todas as regiões do país os fluxos de imigrantes da Venezuela, no período de 2000 a início de 2020, possibilitando identificar diferentes grupos sociais que compõem esse processo migratório, sua inserção laboral e sua presença em cidades metropolitanas e não-metropolitanas. Os resultados, apresentados no decorrer de 444 páginas, indicam a necessidade de acompanhamento destas informações e dessa imigração, uma vez que a dinâmica do fluxo migratório aponta para rápida reconfiguração em termos de composição etária, espacialidades e temporalidades na chegada de imigrantes venezuelanos no Brasil.
Impactos da Pandemia de Covid-19 nas Migrações Internacionais no Brasil
A pesquisa Impactos da Pandemia de Covid-19 nas Migrações Internacionais no Brasil consistiu em um levantamento de campo online realizado, entre maio e julho de 2020, a partir da parceria interinstitucional entre a PUC Minas e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o apoio de diferentes instituições de ensino superior, sociedade civil e agência das Nações Unidas. Em meio à pandemia de Covid-19, em uma situação de confinamento e distanciamento social, optamos pelo levantamento de campo remoto como um desafio metodológico para conhecer a situação dos imigrantes internacionais e refugiados residentes no Brasil e suas condições de vida frente à pandemia de Covid-19. Para tanto, esta pesquisa contou com a aplicação de questionários online com diferentes grupos de imigrantes. O questionário foi disponibilizado em seis idiomas - português, espanhol, inglês, francês, creole haitiano e árabe, e contabilizou aproximadamente 56 questões que abordaram temas relativos à população imigrante quanto ao: perfil sociodemográfico; condição de moradia e renda; chegada ao Brasil; status migratório; questões laborais; direitos sociais; acesso à saúde e mudanças nas condições de vida advindas da pandemia por Covid-19. Com 2.475 participantes no Brasil, e alcançando 171 municípios, os resultados da pesquisa indicam o aumento da vulnerabilidade econômica e social para essa população imigrante na pandemia. Para se ter uma ideia do impacto dessa situação de crise sanitária: antes da pandemia, do total de imigrantes participantes da pesquisa, 52% encontravam-se trabalhando, sendo que a metade destes perdeu o trabalho na pandemia, ampliando para mais de 70% de imigrantes sem trabalho no início da pandemia, entre os meses de maio a julho de 2020. A vulnerabilidade social, consequentemente, também se ampliou com 624 imigrantes tendo buscado ajuda com cestas básicas (25% dos imigrantes entrevistas), 639 imigrantes já recebiam o Bolsa Família (26%) e somente 46 imigrantes (dos 213 imigrantes que tentaram) conseguiram o auxílio emergencial (21%). Dos imigrantes participantes da pesquisa, cerca de 45% passaram, na pandemia, a usar suas reservas monetárias ou pediram recursos emprestados e 68% reduziram suas despesas. Com relaçao à saúde, 144 imigrantes tiveram a Covid-19 (5,8% dos imigrantes participantes da pesquisa), com cinco familiares que vieram a óbito. As principais preocupações com relação ao futuro para imigrantes na pandemia se referem às dimensões econômicas, discriminação e segurança alimentar (fome). O livro apresenta, em mais de 600 páginas, os resultados desta pesquisa desagregados para os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Rondônia, Região Nordeste, Região Centro Oeste, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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