Gente que transforma vidas

Giovana Cássia da Silva, secretária do Programa de Pós-graduação em Informática na Unidade São Gabriel, não sabe dizer há quanto tempo está envolvida em grupos de ações solidárias, pois o olhar para o outro sempre aconteceu de forma natural em sua vida. “Quando percebo, já estou envolvida nos projetos. As pessoas me demandam e através de contatos vou conseguindo doações e resolvendo situações”, explica. “Meu marido brinca que sou igual para-raio. Quem está precisando acaba me encontrando”, conta, sorrindo. No momento, ela está envolvida em cinco grupos que prestam apoio a pessoas carentes: três que oferecem refeições a pessoas que moram nas ruas, um que recolhe doações e confecciona enxovais para mães carentes, e o Banho Solidário, que oferece espaço para a higiene pessoal e apoio psicológico para pessoas em situação de rua. “A intenção é oferecer apoio a estas pessoas para que encontrem formas de reinserção na sociedade. O banho é uma forma de ajuda pontual, mas também de abrir uma frente de diálogo com essas pessoas”, explica.

As ações do Banho Solidário aconteciam anteriormente em um galpão cedido pela Prefeitura de Belo Horizonte, na Pedreira Prado Lopes, mas agora o espaço não será mais cedido e o grupo busca por uma solução alternativa para continuar com a ação. Giovana, então, teve a ideia de adaptar uma pequena carreta do marido, que estava sem uso, para a instalação de duas duchas e duas pias. O projeto, de R$ 60 mil, já está quase finalizado, faltando apenas R$ 6 mil para a aquisição do kit gás para aquecimento dos chuveiros. A ideia é que essa carreta seja utilizada tanto pelo grupo Banho Solidário quanto por outros grupos em Belo Horizonte que compartilham a mesma iniciativa rodando pela cidade durante os 30 dias do mês. E a iniciativa não para por aí. Após a conclusão da carreta, o novo objetivo do grupo é conseguir um ônibus com estrutura de banheiro, consultório de dentista e apoio psicológico.

Reparos de livros

Já as funcionárias do Campus Betim Ana Caroline Reis Lima, Sarah Pereira Rodrigues e Isabella Desterro Silva decidiram levar para a comunidade o conhecimento que aplicam no trabalho na biblioteca. Pincéis, cola, papel craft e outros materiais de papelaria e a vontade de fazer a diferença são alguns dos materiais utilizados na Oficina de Reparos de Livros, projeto que incentiva o hábito da leitura e a conservação de exemplares. As funcionárias escolheram a Escola Municipal Josephina Bento para receber a primeira edição das oficinas. “Foram três dias de atividades que abordaram desde o reparo de lombada à costura de livros. Os adolescentes adoraram aprender a aproveitar o acervo que possuem em sua biblioteca”, afirmam. Para elas, esse tipo de atividade dá vida a um livro interessante que, muitas vezes, seria descartado.

Outra funcionária do Campus Betim que também dedica o seu tempo para ajudar o próximo é Luciana Helena de Vasconcelos Breguez. A assistente social faz parte da Sociedade São Vicente de Paula há mais de duas décadas. “Minha vida ganhou outro sentido desde que conheci a Sociedade. Somos como uma grande família que se preocupa em auxiliar famílias necessitadas e mostrar um caminho para que esses cidadãos consigam se estabelecer em comunidade”, afirma Luciana, que hoje é presidente de um dos conselhos, o Particular Vicentino São Gonçalo, que atua no município de Contagem. Semanalmente, ela e seus companheiros visitam famílias em situação de vulnerabilidade social para repassar uma palavra amiga e ajudar com medicamentos, cestas básicas, entre outros. Luciana também realiza plantões e ajuda a organizar eventos para angariar fundos para o Lar Maria Clara, em Contagem, que abriga idosos.

Aluno Nota 10

Emerson Donizete da Silva, encarregado de segurança do Campus Poços de Caldas, aposta no esporte como ferramenta para trabalhar a autoestima de crianças e adolescentes do distrito de Campestrinho, Divinolândia, SP. Desde 2013, ele lidera o projeto Aluno Nota 10, que oferece gratuitamente aulas de Kung Fu quatro vezes por semana e tem o objetivo de ensinar disciplina e persistência por meio da arte marcial. Emerson explica que a ideia é incentivar cada um dos participantes a batalhar por seus sonhos. “Muitos não têm perspectiva de futuro e crescimento porque o mundo deles é muito pequeno e eles não recebem informação dentro de casa. Nosso foco é alimentar os sonhos desses meninos e para isso dizemos constantemente que eles podem ser o que quiserem”, disse. Os desafios são muitos e um deles foi ensinar a arte marcial para uma aluna cega de 10 anos. “Foi uma conquista a cada dia, e com a nossa forma tranquila de ensinar ela pegou tudo o que passamos. Foi realmente gratificante”, disse.

De onde vêm a disposição e energia para superar os desafios pessoais de cada um e ajudar o próximo? Para Giovana, a resposta está na gratidão. “Tive um infância difícil, com recursos limitados e minha família sempre recebeu ajuda. Nada melhor do que retribuir o que a vida fez por mim”, explica.