Museu de Ciências Naturais é marco zero da Rota Lund

A vice-reitora, professora Patrícia Bernardes; o secretário de Estado de Meio Ambiente, Adriano Magalhães; e a princesa da Dinamarca, Mary Elizabeth descerra
A vice-reitora, professora Patrícia Bernardes; o secretário
de Estado de Meio Ambiente, Adriano Magalhães; e a princesa
da Dinamarca, Mary Elizabeth

O Museu de Ciências Naturais da PUC Minas foi instaurado no dia 21 de setembro como marco zero da Rota Lund, caminho que percorre o trajeto feito no século XIX pelo paleontólogo dinamarquês Peter W. Lund em Minas Gerais, ligando o museu da Universidade, o Parque Estadual do Sumidouro, as grutas da Lapinha, em Lagoa Santa, Rei do Mato, em Sete Lagoas, e a de Maquiné, em Cordisburgo. O descerramento da placa, onde se lê “Marco Zero da Rota Lund – instalado por ocasião da visita de Sua Alteza Real da Dinamarca, Mary Elizabeth”, foi feito pela vice-reitora da PUC Minas, professora Patrícia Bernardes, pela princesa e pelo secretário de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais, Adriano Magalhães, representando o governador Antonio Anastasia. A placa é assinada pelo grão-chanceler da PUC Minas e arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, e pelo reitor da Universidade e bispo auxiliar de Belo Horizonte, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães. A placa foi inaugurada ao lado do monumento, de três metros e meio de altura, em homenagem a Peter Lund, em aço carbono sem costura e produzido para o evento pelo artista Ricardo Carvão Levy.

“A instauração do Museu da PUC Minas como marco zero é muito importante. Isso mostra o quanto a Universidade, já reconhecida nacionalmente, valoriza a cultura, não somente o que o estudante tem que aprender tecnicamente”, disse a vice-reitora em entrevista aos jornalistas.

Na abertura do Simpósio Internacional Peter Lund, que teve parceria do Museu de Ciências Naturais com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o idealizador da Rota Lund e curador da coleção de Paleontologia do museu, professor Cástor Cartelle Guerra, entregou à princesa o primeiro exemplar de seu livro Das Grutas à Luz: os mamíferos pleistocênicos de Minas Gerais, que acaba de ser lançado. Ele disse que Peter Lund foi "o mais brasileiro dos dinamarqueses, o maior elo entre a Dinamarca e o Brasil”. Cartelle, entre outras características de Peter Lund, ressaltou a lealdade do paleontólogo para com a Dinamarca, com a família, com  os moradores de Lagoa Santa (onde viveu no século XIX, tendo sido médico e professor e utilizado sua própria casa como escola). “As nações serão melhores se mais cidadãos leais, como Peter Lund, surgirem”, disse o professor Cartelle.

O diretor geral do Museu de História Natural da Dinamarca, Morten Moldgaard, afirmou que o professor Cartelle trouxe luz ao trabalho de Peter Lund e ajudou na aproximação entre os dinamarqueses e o Brasil. O diretor geral e Kasper Lykke Hansen, pesquisador do Centro de Geogenética, entregaram a Cartelle um exemplar de livro de autoria deste último que descreve materiais de Peter Lund recém-descobertos dentro do acervo do museu de História Natural da Dinamarca, criado no século XVII e sediado Universidade de Copenhague. O diretor geral explicou que em 1847 a expedição, enviada pelo rei da Dinamarca, retornou àquele país com vários materiais recolhidos no Brasil pelos participantes da expedição, incluindo Peter Lund, e que são objeto de estudos, até hoje, por cientistas de todo o mundo. Segundo ele, é objetivo da Universidade de Copenhague construir novo museu com coleção do paleontologista nesse espaço. Morten Moldgaard destacou esse “fabuloso cientista”, grande colaborador da Dinamarca para com o Brasil. De acordo com o diretor geral, esse simpósio internacional irá facilitar o intercâmbio entre os dois países.

A princesa da Dinamarca visitou, ainda, a exposição permanente sobre o paleontólogo, no 2º andar do museu da PUC Minas, que inaugurou mais duas vitrines: uma com 22 dentes de espécies fósseis que o paleontólogo descreveu, e outra com dez espécies empalhadas, que não foram extintas, também descritas por Peter Lund, como cachorro-do-mato-vinagre (espécie ameaçada de extinção), gambá e raposa, por exemplo. Outra novidade foi a inauguração de uma maquete de Lagoa Santa nos anos 1850, época vivida pelo paleontólogo, produzida por Marcelo Viana, artista plástico do museu. Uma das atrações que já integravam a exposição permanente é Luzia, um dos mais antigos registros de humanos já encontrados nas Américas.

O secretário de Estado de Meio Ambiente lembrou que a Rota Lund é um investimento de R$10 milhões do governo de Minas Gerais, “um exemplo de forma participativa, contributiva e direta de todos”. O auditório do Museu da PUC Minas foi construído em parceria entre a Universidade e o governo de Minas Gerais.

Convênios
Representantes do Museu de História Natural da Dinamarca estiveram, no dia 20 de setembro, no campus Coração Eucarístico, para discutir a possibilidade de convênios com a PUC Minas. Morten Moldgaard e Kasper Lykke Hansen foram recebidos pela vice-reitora, professora Patrícia Bernardes, na Galeria de Fotos do prédio da Reitoria.

A instalação de uma Cátedra Unesco Lund de Paleontologia foi a principal proposta apresentada, envolvendo a Universidade de Copenhague e a PUC Minas, por meio do Museu de Ciências Naturais e a Pós-graduação e Pesquisa. Também foi proposta a realização do Simpósio Internacional Peter W. Lund a cada dois anos, com uma edição na PUC Minas e outra na Universidade de Copenhague. Foram discutidas também possibilidades de intercâmbio de estudantes, professores e técnicos; projetos de pesquisas de doutorados e pós-doutorados; permuta de cópias de materiais entre os museus e de informações científicas; e a realização conjunta de eventos.

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