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O sentido do acolhimento

O dia 11 de setembro de 2018 é uma data especial para Angetona Dorgilus. Primeiro dia como funcionária da PUC Minas, ela se recorda de cada detalhe do que considera ser um grande sonho realizado. A estudante de Serviço Social trilhou um longo caminho até chegar ao trabalho na área de atendimento no Museu de Ciências Naturais. De origem haitiana, Angetona mora há sete anos no Brasil. Diante da insegurança vivida no Haiti, ela e o irmão decidiram dar início a uma nova vida no país.

A haitiana descreve a imigração como uma criança que está crescendo. “É preciso oferecer muito cuidado, apoio e suporte a quem está migrando”, reforça. Ao chegar na capital mineira, Angetona recorda que passou por vários processos de adaptação. Conquistando o seu primeiro emprego como embaladora, deu início às aulas de Língua Portuguesa e participou de cursos dentro da área de projetos sociais e produções culturais.

“Sem preconceito, sem racismo”. É desta forma que ela define como foi a acolhida e se emociona ao falar sobre o apoio que recebeu da família Silva, sua família adotiva no Brasil, e do acolhimento dos alunos e professores da PUC Minas. Ela destaca a empatia das pessoas. “É uma Instituição que, quando você entra, você recebe todo o apoio, as pessoas se colocam no seu lugar enquanto imigrante”, comenta.

Mesmo com os compromissos profissionais e acadêmicos, Angetona considera que sua vida é voltada para ajudar as pessoas. “O que eu gosto mesmo é de ajudar o próximo e fazer a diferença”, afirma. Ela é voluntária e coordenadora social no projeto Cio da Terra, coletivo que atua em Belo Horizonte e região metropolitana. Composto por mulheres de distintas nacionalidades, línguas e culturas, o coletivo busca promover e garantir o acesso de direitos no Brasil e a autonomia de migrantes, refugiados e apátridas.

 

Prêmio Efigênia Francisca

Diante de sua solidariedade, a haitiana foi prestigiada com o prêmio Efigênia Francisca 2021, da Prefeitura de Contagem, na categoria Atuação relevante junto a migrantes e refugiados. A iniciativa consiste em reconhecer e estimular a inclusão de mulheres negras e a luta por direitos raciais.

Quando soube da indicação, a funcionária não imaginava que seria premiada. “O que eu faço é de todo o coração, sem falar com ninguém”, comenta. Diante da surpresa, o sentimento foi de gratidão. Para ela, o prêmio é um incentivo. “Significa luta: continuar a lutar, porque não podemos parar”, conclui.

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