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Aposta na Ciência

Marcelo Vasconcelos é o nome que figura em sexto lugar entre os pesquisadores da PUC Minas no ranking  AD Scientific Index 2021. O ranking aponta os pesquisadores listados entre os mais produtivos e influentes de todo o mundo. Com vínculo com a Universidade há mais de 11 anos, Marcelo é atualmente curador do acervo científico de aves do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, onde atua documentando a biodiversidade de aves brasileiras.
Para Marcelo, a PUC Minas representa o melhor trabalho que já experimentou em sua vida. Sua melhor experiência de aprendizagem ao longo desta trajetória é o seu ambiente de trabalho no Museu, onde se cultiva a cortesia, o amor e a amizade. “Independentemente do cargo e da hierarquia, todos se respeitam e sempre estão muito bem-humorados. É algo raro de se ver hoje em dia, mas é nossa realidade aqui”, afirma.

Antes de compor a equipe do Museu, Marcelo atuou como professor do Programa de Pós-graduação em Biologia de Vertebrados e dos Cursos de Ciências Biológicas, nos campi Coração Eucarístico e Betim. Mas por seu fascínio pela fauna e flora, optou por se desligar da docência para atuar como pesquisador no Museu. “Abri mão de ser professor para fazer aquilo que acredito que também seja importante: levantar e documentar nossa biodiversidade antes que ela desapareça”, completa.

Seu interesse pela biodiversidade surgiu na infância. Desde criança, Marcelo acompanhava seu avô materno, fazendeiro, em sua antiga propriedade rural. Aos sete anos de idade, ingressou no escotismo como “lobinho”, entrando em contato com a natureza e despertando a sua curiosidade durante os acampamentos e excursões. Com 16 anos, o pesquisador teve a oportunidade de visitar seu tio no estado do Mato Grosso, quando conheceu o Pantanal e a Amazônia. A viagem foi o ponto de partida para o início dos seus estudos sobre os animais e as plantas, mesmo com os poucos livros que tinha.

Para além das leituras, o curador começou a colocar os seus estudos em prática por meio de expedições. Marcelo começou a subir a Serra do Curral semanalmente para conhecer sua biota. Nesta época, também decidiu fazer anotações sobre o comportamento das aves urbanas de Belo Horizonte e sobre os padrões de floração das plantas carnívoras, que cultivava na varanda de seu apartamento.

Logo após concluir o Ensino Médio, Marcelo ingressou no Curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e se especializou em pesquisas sobre a distribuição e a conservação das aves que vivem nos topos das serras, ao longo de seu mestrado e doutorado. Apesar da longa trajetória no meio acadêmico, a pesquisa fez parte de sua vida desde os tempos do colégio, no auge dos seus 16 anos.

Infelizmente, Marcelo não escapa do estereótipo equivocado da imagem de que os cientistas são pessoas excêntricas e estranhas. “A maior parte de meus familiares me veem como um lunático fissurado em passarinhos e sem qualquer espírito empreendedor”, lamenta. Esta impressão se fortaleceu quando ele se demitiu do cargo de professor, abrindo mão de um emprego bem remunerado para dar continuidade às suas pesquisas sobre história natural.

No entanto, Marcelo conta com o apoio incondicional de sua mãe e de sua esposa. Seus três filhos o acompanham em suas expedições na natureza, enquanto ficam admirados ao ouvir as histórias das expedições de seu pai pelos rincões do Brasil.

Além das horas dedicadas ao Museu, o pesquisador realiza várias outras atividades, como a prestação de consultoria ambiental em que atua em expedições a campo, coordenação de estudos e elaboração de relatórios. Além disso, é guia de montanha e de história natural na Reserva do Caraça e professor no curso de especialização em Estudos Ambientais Aplicados à Fauna, do Instituto de Educação Continuada (IEC). “É uma vida bastante agitada”, destaca.

Com relação ao futuro, Marcelo já detalha suas ideias para novos projetos. Ele pretende fazer pesquisas em parceria com outras áreas de conhecimento, como Geografia e História, buscando ligações entre as expedições de antigos naturalistas que visitaram o Brasil. Além disso, o pesquisador gostaria de participar de projetos de Extensão que buscassem ensinar crianças de comunidades carentes a observar aves sem a necessidade de equipamentos caros, usando apenas imitações de seus cantos através de assobios e desenhos a lápis em cadernetas simples.

Preocupado, Marcelo lamenta que muitas das áreas analisadas desaparecerão devido às intervenções humanas, a exemplo de minerações e barragens. Diante dessa realidade, o pesquisador acaba vivenciando uma corrida contra o tempo para documentar a biodiversidade de vários locais, antes que muitas espécies sejam extintas.  “A melhor contribuição que poderei deixar para a humanidade, mesmo após a minha passagem, é deixar esta documentação sobre nossa biodiversidade para que futuras gerações de pesquisadores possam se basear nesses registros, mesmo se muitas dessas espécies forem extintas pelas atividades humanas”, conclui.

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