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Vivemos em uma sociedade capitalista onde o padrão de consumo é atrelado a uma valorização do sujeito, que consome para ter uma identidade social por meio de suas conquistas materiais. Entretanto, esse padrão de consumo tem se mostrado ambientalmente insustentável ao longo das décadas, desde o início da era industrial. O uso de recursos naturais em excesso e a grande quantidade de lixo produzido contribuem para a degradação do meio ambiente. Dessa forma, de acordo com o professor Armindo dos Santos de Sousa Teodósio, do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC Minas, membro do Grupo de Trabalho e Reflexão para a Economia de Francisco e pesquisador das áreas de Gestão Social e Ambiental, Administração Pública e Estudos Organizacionais, pensar o consumo e seus impactos para a vida em sociedade e para o meio ambiente é um dever do cidadão do século XXI.
Para ele, não basta a consciência sobre os impactos do consumo para o meio ambiente, é preciso alterar efetivamente hábitos de consumo e desenvolver uma posição crítica e ativa sobre o tema. “Isso envolve desde ações cotidianas de redução do consumo e cuidado com os resíduos do pós-consumo, como também a decisão de voto nas eleições e a participação e controle de políticas públicas a partir de valores da Sustentabilidade aplicados ao consumo”, explica.
No cenário atual, temos cerca de 80 milhões de toneladas de lixo produzidas no Brasil anualmente, mas reciclamos somente 4% desse total, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Por essa razão, a adoção de certos hábitos é essencial para a mudança desse quadro, como é o caso de Fernanda de Castro Lima Dolabella, da equipe UX da PUC Minas Virtual, que realiza a separação dos resíduos recicláveis em sua residência. “Aqui em casa somos cinco pessoas, e todos nós fazemos a separação do lixo, utilizamos sacolas não descartáveis para compras em supermercado, sacolão etc. Usamos as sacolas plásticas descartáveis como saco de lixo o que já é bem comum”, relata.
Fernanda também conta que em sua casa foram adotadas formas de reduzir o consumo de água, através da lava-louça e de um chuveiro arejador na torneira da cozinha. Além disso, o carro é lavado por uma empresa que faz a lavagem a seco, buscando reduzir o consumo de água. “Recentemente, há um ano mais ou menos, passei a usar xampu e condicionador sólidos, com isso o descarte de embalagem plástica diminui. São mais caros, mas rendem muito mais, ou seja, não apertam no bolso e a qualidade me impressionou”, conta. Na hora das compras, Fernanda se preocupa com a quantidade de resíduos envolvendo o produto. “Quando estou em uma loja, peço para as vendedoras não colocarem os produtos dentro de duas embalagens (papel seda, adesivo, sacola plástica etc), isso é muito comum e não é necessário, uma só embalagem basta”, explica.
Os hábitos em prol do consumo consciente acontecem há alguns anos na casa de Fernanda. Desde que a coleta seletiva começou eles realizam a separação do lixo e os hábitos individuais já fazem parte de sua rotina há cinco anos. Ela acredita que “o consumo consciente é muito importante. Em nossa cultura, temos a noção equivocada de que nada pode faltar, tudo tem que sobrar. Com a conscientização, tenho trabalhado comigo mesma para esperar que um produto acabe totalmente antes de comprar outro, o que já considero um avanço”.
Para o professor Armindo, é importante termos em mente que o caminho para um consumo sustentável não passa apenas por grandes propostas e intervenções promovidas por governos ou empresas, mas também pela participação ativa dos cidadãos. “A contribuição individual e cotidiana se soma à mudança estrutural promovida por governos e atores com poder econômico, político e cultural. E essas mudanças estruturais só viram realidade quando apoiadas no cotidiano pelas ações de cada indivíduo”, relata.
O professor explica que, no campo do consumo, do pós-consumo, da reciclagem e da economia circular, os governos precisam de mais e melhores políticas de regulação do consumo, as empresas precisam adotar mais e melhores práticas para redução de insumos e os cidadãos precisa repensar seu consumo e compreenderem a importância da reciclagem. “Macro e micro se somam e são mutuamente dependentes. Não há solução apenas no nível macro, nem tampouco no nível micro”, entende.
Apesar do cenário preocupante, o professor se mantém otimista sobre o futuro. “Hoje há exemplos muito inspiradores de jovens em todo o mundo pensando a partir de inovações disruptivas na forma como produzimos, consumimos e vivemos em sociedade, que nos inspiram”, explica. De acordo com ele, “a esperança é elemento essencial. Cultivar a esperança não é ser ingênuo ou utópico, é apenas não esmorecer na luta ambiental e social que precisamos fortalecer mais ainda nessa caminhada em direção ao futuro e à sustentabilidade”, finaliza.
Secretaria de Comunicação | Recursos Humanos