Newsletter da Reitoria
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais | Março e Abril de 2023 - nº 43


Dia Anec: Reitor ministrou palestra de abertura

Raphael Calixto
Prof. Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva refletiu sobre a solidariedade, um dos quatro princípios da doutrina social da Igreja
Prof. Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva refletiu sobre a
solidariedade, um dos quatro princípios da doutrina social
da Igreja

"O princípio da solidariedade nos ajuda a perceber o óbvio: que precisamos uns dos outros", afirmou o Reitor, Prof. Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva, durante a palestra A Escola Fraterna e Solidária, na abertura do Dia Anec, realizado em 18 de março, no Teatro São João Paulo II, no Campus Coração Eucarístico. Promovido pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, o Dia Anec visa promover a reflexão sobre temas como o diálogo inter-religioso, o trabalho em rede, o diálogo entre ciência e fé, a espiritualidade, a liderança servidora, a ética cristã, o respeito à diversidade, a cidadania global, a justiça, o bem comum e a ecologia integral.

O Reitor dissertou sobre a solidariedade, um dos quatro princípios da doutrina social da Igreja, juntamente com o bem comum, capacidade de pensar para além do bem individual; dignidade da pessoa humana, princípio que está relacionado aos direitos que toda pessoa tem e que precisam ser respeitados, como saúde, educação, alimentação e moradia; e subsidiariedade, que diz respeito à organização social que sustenta as questões de uma sociedade, sejam elas individuais ou coletivas.

De acordo com o Pe. Luís Henrique Eloy e Silva, solidariedade é o princípio que ajuda as pessoas a entenderem que elas possuem uma dimensão social. “É aquele olhar que o ser humano precisa desenvolver para além de si mesmo e de um grupo no qual ele se insere. Solidário, então, não é simplesmente alguém que ajuda alguém. É alguém que desenvolve a sensibilidade de entender que este mundo não foi feito só para si, e que existe uma corresponsabilidade moral e social do indivíduo para com o seu entorno”, explicou, ao reforçar que é justamente a corresponsabilidade pelo bem do outro que fará com que a sociedade não somente progrida, mas que as pessoas tenham dignidade. “É a solidariedade como um valor moral a ser assumido como um objetivo de vida”, afirmou.

Segundo ele, é fundamental que a educação, sobretudo a católica, seja voltada para o desenvolvimento desse princípio. O grande desafio, no entanto, é a ausência explícita da consciência do princípio de solidariedade na sociedade pós-moderna, que gera nas pessoas, cada vez mais, uma tendência ao individualismo. E, por esse motivo, seja sempre necessário refletir por que o ser humano corre sempre o risco de se esquecer do outro. “O olhar para o outro é sempre um olhar aprendido. Uma criança necessariamente não compartilha das suas coisas. Quase sempre ela precisa ser ajudada a fazer isso. Este é sempre um esforço perene na nossa vida: sair de nós para ir ao encontro da necessidade do outro. Isso é mais amplo do que simplesmente ajudar com um prato de comida ou com um cobertor no frio”, pontuou, ao afirmar que a solidariedade precisa ser parte de um projeto de educação consciente e claro. “Muito me preocupa quando em uma universidade, por exemplo, os jovens universitários se interessam pouco por questões políticas, sociais e econômicas, não acompanham os grandes debates, não sabem o que está acontecendo. Não é questão simplesmente de ser de direita ou de esquerda, é uma questão de preocupação com a realidade na qual se está inserido”.

O que poderia, então, ser visto como um processo de educação para a solidariedade? Para o Reitor, é preciso pensar em quem faz, para quem faz e onde faz: o sujeito, o destinatário e o ambiente em que aquilo será produzido. No caso da realidade escolar, os agentes da solidariedade são todas as pessoas inseridas naquele ambiente: direção, professores, alunos e funcionários. “O projeto de uma educação para a solidariedade é amplo, sistêmico e envolve a todos, desde os princípios que são discutidos até os meios, os caminhos que serão utilizados para que a temática possa penetrar a vida diária dos nossos ambientes”, afirmou.

Por fim, ele pontuou que embora a solidariedade seja um dos quatro princípios básicos da Doutrina Social da Igreja, é preciso que ela seja elevada à fraternidade, que é o passo maior. “Na fraternidade eu entendo que o outro é meu irmão, algo que propicia a perspectiva cristã. O desejo é que nossa solidariedade se transforme sempre mais em fraternidade e o nosso entorno se torne cada vez mais cristão, humano e humanizador”, finalizou.

O Dia Anec está disponível na íntegra no canal Anima PUC Minas no YouTube.

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