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Newsletter da Pró-reitoria Adjunta de Contagem

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais | Março e Abril de 2022 - nº 37

Programa de Residência do Curso de Medicina forma sua primeira turma

Bruno Timóteo
A solenidade de formatura foi realizada no Teatro Padre de Man
A solenidade de formatura foi realizada no Teatro Padre de
Man

"Somos especialistas em gente. Não focamos só na doença, não focamos só no exame, focamos no ser humano. Avaliamos o paciente de forma holística: social, econômica e cultural. Queremos coordenar o cuidado", discursou a médica Mayra Moreira Azevedo, oradora da primeira turma do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade do Curso de Medicina da PUC Minas Contagem. A cerimônia de formatura dos primeiros oito residentes do programa aconteceu no dia 29 de março, no Teatro Padre de Man.

A parceria de longa data entre a Universidade e a Prefeitura de Contagem, hoje fortalecida pela atuação de alunos e professores do Curso de Medicina no atendimento à população da cidade nas Unidades Básicas de Saúde, foi lembrada pela superintendente de Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde, Júlia Diniz Baptista, que representou o secretário de Saúde, Fabrício Simões, na solenidade. A autorização para a abertura do Curso de Medicina nos campi Contagem e Poços de Caldas foi concedida em um processo inédito realizado pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do programa Mais Médicos, que traça como meta alcançar uma relação de 2,7 médicos por mil habitantes – similar à dos países mais desenvolvidos. Na seleção dos municípios, além da inexistência de curso no local, foram exigidos requisitos baseados na proporção de vagas e médicos por habitante e tamanho da população atendida, entre outros critérios. "A parceria da Secretaria Municipal de Saúde com a PUC Contagem tem sido muito fecunda. Nós temos ganhado imensamente com a presença dos residentes e dos acadêmicos, que renovam e fortalecem a nossa rede, mostrando sua potencialidade. Parabéns aos formandos e que possamos, com a PUC, estabelecer parcerias cada vez mais equânimes", afirmou Júlia Diniz.

A professora Clarissa Santos Lage, que coordena a Comissão de Residência Médica do Campus, juntamente com a professora Marina Abreu Corradi Cruz, pontuou que se tivesse que definir a turma com uma palavra seria resiliência, atributo que ela considerou como fundamental para todos os médicos de família e comunidade. "Ser médico de família é como navegar em um mar de incertezas. Mas, nunca estamos sozinhos. Dentro do barco está o nosso paciente. Vamos navegando com esse paciente e, às vezes, esse mar fica tão atordoado que precisamos parar em um cais. Esse cais pode ser o cais da cardiologia, da nefrologia, da cirurgia. E nosso paciente desembarca, passeia nessa ilha, recebe atendimento. Nós ficamos no cais e quando ele termina de fazer o que precisava fazer, o colocamos de novo no nosso barquinho e saímos a navegar", ilustra Clarissa, que associa as tempestades a dificuldades como dúvidas clínicas, estrutura precária ou falta de investimento, dentre outras dificuldades que um profissional de saúde pode se deparar. "Resiliência é um dos atributos mais bonitos que se pode ter", completou, ao explicar que a Medicina de Família e Comunidade é considerada atenção primária porque é a base dos níveis de atenção. "Nós somos os coordenadores do cuidado dos nossos pacientes", explicou.

Clarissa também ressaltou a importância de se defender o Sistema Único de Saúde. "Vocês, formandos, carregam consigo a partir de hoje um raio amplificador das responsabilidades que vocês já tinham. A responsabilidade não só na formação de vocês a partir de agora, mas com o paciente de vocês, com a equipe de vocês, com a comunidade de vocês e, principalmente, responsabilidade com a melhoria da qualidade da atenção primária no Brasil. Além dessa responsabilidade, vocês carregam consigo o dever de serem defensores do SUS. Porque não é possível em um país tão grande e tão diverso, mesmo para quem vai para uma atenção suplementar ou para o sistema privado, não defender o SUS como o braço principal da promoção da saúde no nosso país", argumentou.

A professora Giuliana de Aguiar, preceptora da primeira turma de residentes, destacou que o médico de família e comunidade é mais que um profissional, mas um recurso para a assistência de uma comunidade e que oferece cuidado em todos os ciclos de vida, do início ao fim da vida. "É aquele que vincula o paciente ao SUS e o acompanha ao longo de sua vida, que cuida de todas as suas demandas ou problemas. É a tal da longitudinalidade e integralidade", explicou, ao citar os fundamentos da especialidade. "Nunca percam de vista o que aprenderam, o que viram e o que escutaram. Vocês constataram que podem oferecer para aqueles que estão aflitos aquilo que não custa muito: olhar no olho, escutar com empatia, estar junto nas horas difíceis e simplesmente estar disponível. Continuem com coragem, ânimo, intrepidez, responsabilidade e amor, pois, quando tudo parecer difícil é o amor que nos levará adiante", aconselhou.

O pró-reitor adjunto do Campus Contagem, professor Robson dos Santos Marques, destacou que mais do que formar profissionais de excelência, a Universidade tem por missão contribuir com a formação do cidadão, como forma de construir uma sociedade mais ética e justa. "A PUC Minas tem por tradição formar bem as pessoas e prepará-las para o mercado de trabalho, mas, no seu alicerce a fraternidade, a solidariedade, a ética e a formação humanística são os nossos diferenciais e que caminham com todos nós no cotidiano. E quando falamos de justiça, solidariedade e ética nós destacamos aqui, inclusive, os acontecimentos na área da saúde e nos campos político, econômico e social ocorridos nos últimos anos, em especial, no nosso país, que muito nos alerta e tem clamado por uma atenção redobrada para tais questões, mais ainda do que a própria formação. De todas as tarefas que temos, dar uma boa formação profissional, garantir qualidade de ensino, conveniar empresas para abrir espaço para estágios e empregos, realizar convênios com universidades pelo mundo afora, a maior e mais importante missão nossa continua com a vida e com a cidadania: preparar e formar pessoas com um mundo cada dia mais complexo, quiçá, mais injusto, como assistimos", pontuou.

O pró-reitor encerrou seu discurso lembrando aos residentes de que as portas da Universidade sempre estarão abertas para recebê-los, seja como estudantes ou como profissionais. "Vocês se especializaram em uma das maiores universidades do Brasil, na maior universidade católica do mundo, eleita também por diversas vezes pelo Guia do Estudante a melhor universidade privada do país. Não se esqueçam disso. Eu sou filho dessa casa, sou formado por ela, e me orgulho como muitos de nós. E sabemos o quanto vocês valorizam isso. A partir de hoje vocês levam a marca PUC Minas, reconhecida nacional e internacionalmente em seus currículos", finalizou.

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