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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais | Abril e Maio de 2022 - nº 40

Bispos do Brasil se reúnem, de forma virtual, para primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da CNBB

CNBB
Dom Walmor destacou os 70 anos de criação da Conferência Episcopal e dos 15 anos da Conferência de Aparecida, além do processo sinodal vivido pela Igreja
Dom Walmor destacou os 70 anos de criação da Conferência
Episcopal e dos 15 anos da Conferência de Aparecida, além do
processo sinodal vivido pela Igreja

A primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou no dia 25 e terminou no dia 29 de abril. Mais de 300 bispos se reuniram, na modalidade virtual, para refletir sobre o tema central da Assembleia Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão, em sintonia com o processo do Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco. Na abertura da Assembleia, o grão-chanceler da PUC Minas, arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, destacou os 70 anos de criação da Conferência Episcopal e dos 15 anos da Conferência de Aparecida, além do processo sinodal vivido pela Igreja. “Deus nos concede a graça de participar dessa relevante experiência sinodal que é a Assembleia Geral da CNBB”, afirmou dom Walmor.

O presidente da CNBB refletiu sobre o tema central do encontro deste ano para “resgatar aquilo de mais genuíno e forte que é a identidade missionária da nossa Igreja”. Tal reflexão será feita, segundo dom Walmor, “retomando sempre o horizonte inspirador e interpelador do documento de Aparecida nesses 15 anos da celebração da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho”.

Dom Walmor ressaltou que os bispos se encontram diante do desafio de revitalizar o modo de ser católico. “A nossa pauta da etapa virtual da 59ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB, portanto, já emoldura bem o caminho evangelizador que estamos percorrendo como Igreja, esperançosamente pascal, com riquezas grandes e um corajoso enfrentamento dos desafios vividos neste tempo e da complexa realidade contemporânea”, disse.

 

Comunhão 

O núncio apostólico no Brasil, dom Giambatistta Diquattro, enviou mensagem de saudação do Papa Francisco ao episcopado. O prelado destacou o compromisso do episcopado e de toda a Igreja no Brasil com a evangelização e com a renovação “seguindo o convite do Papa”.

“Desejo, antes de tudo, transmitir a saudação do Santo Padre Francisco, sua oração e seu desejo de que essa 59ª sessão da Assembleia Geral da CNBB, com a graça do Senhor, seja um momento de comunhão e de discernimento fecundo para a vida da Igreja no Brasil e para a sociedade brasileira em seu conjunto”, disse o núncio apostólico, que renovou a “expressão do amor e da proximidade do Papa Francisco”.

O representante do Papa no país também recordou os compromissos da sociedade brasileira neste ano como “motivos de atenção nacional e internacional”. Falou ainda da retomada das atividades eclesiais e comunitárias com a redução dos números da pandemia, destacando as visitas Ad Limina dos bispos à Santa Sé, o Congresso Eucarístico Nacional e o Ano Vocacional.

 

Comunicação no processo eleitoral de 2022

 

O reitor da PUC Minas, bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, participou como mediador do tema da comunicação no processo eleitoral de 2022, que foi abordado pelo professor Venício Lima, emérito da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Observatório de Comunicação Religiosa da Igreja no Brasil, durante a primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da CNBB. ocorreu no dia 25 de abril, de modo on-line  Dom Joaquim Mol concluiu a reflexão propondo ao episcopado aprofundar, posteriormente, todos os temas levantados pelos bispos com o professor Venício, a fim de oferecer-lhes uma reflexão mais completa. “Precisamos avançar na compreensão da comunicação em todos os momentos, particularmente neste que estamos. Não podemos permitir moldar nossa mente por meios de comunicação que têm por princípio apenas o lucro”, disse dom Mol.

Em sua fala, o professor Venício partiu do pressuposto do compromisso comum com a democracia, recordando que ela é um regime político caracterizado pela soberania popular com isonomia (direitos iguais de todas as pessoas perante a lei) e isegoria (direito à palavra e liberdade de expressão).

Em seguida, ele aprofundou sobre a questão de como o Brasil vive a democracia, ressaltando que o país ainda é inexperiente nesse âmbito, devido a uma série de questões históricas, dentre as quais estão os meios de comunicação social, com uma grande responsabilidade.

“No Brasil, a mídia constitui um oligopólio do ponto de vista econômico e opera como um monopólio, do ponto de vista político. Esses fatos perpetuam o grande paradoxo da nossa democracia: o direito ao voto foi universalizado, mas se impede estruturalmente a formação de uma consciência democrática. Tudo isso, claro, é a própria negação da isegoria”, explicou o professor Venício.

Ao avançar na reflexão, abordando diretamente o processo eleitoral de 2022, o professor Venício falou sobre alguns desafios do momento atual, como a questão da disseminação de notícias falsas (fake news) e os questionamentos quanto à credibilidade da Justiça Eleitoral (Tribunal Superior Eleitoral). “2022 não é um ano como qualquer outro. Celebramos o bicentenário de nossa independência política. E as eleições gerais que se realizarão em outubro não são eleições como quaisquer outras. A democracia e suas instituições estão sob ataque reiterado e permanente”, frisou o professor.

Para concluir, Venício falou da grande responsabilidade que a Igreja Católica possui quanto à democracia: “Nesses tempos sombrios, quando a democracia se encontra sitiada, a responsabilidade da Igreja e de suas autoridades é imensa. A CNBB, nas suas sete décadas de existência, tem se constituído em referência ética para os movimentos sociais, as lideranças populares e os formadores de opinião”.

Após a exposição do professor Venício, muitos bispos se manifestaram. Além de expor suas ideias e preocupações quanto ao assunto, todos expressaram gratidão ao professor pela reflexão apresentada. “Esse entendimento e horizonte de compreensão é uma coisa nova para nós. Precisamos compreender bem o que foi colocado, a fim de darmos uma ajuda mais significativa nesse momento social do Brasil”, afirmou o grão-chanceler da PUC Minas, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor de Oliveira Azevedo.

O bispo auxiliar de Belo Horizonte dom Vicente de Paula Ferreira manifestou a preocupação quanto à violência que alguns bispos têm sofrido com difamações nas redes sociais, questionando: “Como a CNBB pode pensar nessa questão, a partir da fala do professor? Sentimo-nos exilados na própria casa, isso tem influenciado nosso ministério e nossa vida. Como vamos tratar isso?”.

Intervenções dos bispos

Nessa mesma linha de reflexão, o arcebispo da diocese de Cachoeiro de Itapemirim (ES), dom Luiz Fernando Lisboa, afirmou que hoje se assiste a campanhas abertas contra a Igreja, a CNBB e ao Papa Francisco. “Até um simples comunicado tem reações esdrúxulas e violentas contra a Igreja, os padres e os bispos. Isso confunde muito as pessoas. Temos que ajudar nosso povo a aprender e refletir”, disse dom Lisboa. O bispo destacou ainda que é necessário também alguma formação e orientação para os bispos quanto a realidade da comunicação atual.

O bispo da diocese de Campos (RJ), dom Roberto Francisco Ferrería Paz, também expressou sua preocupação quanto à questão da violência e destacou que é importante a formação para os fiéis: “Nossas paróquias têm a Pastoral da Comunicação, que poderia fazer programas contra as fake news. Podemos orientar até as pessoas que vêm à missa, por que o nosso povo é extenso e eles mesmos podem ajudar a multiplicar essa formação”.

 

Com informações da comunicação da CNBB

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