Organizado pelos missionários jesuítas no Brasil, o Seminário Diálogos em Construção, sobre Fraternidade e Amizade Social na Encíclica do Papa Francisco, reuniu, no dia 26 de novembro, o reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, e Romi Bencke, pastora luterana e secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
No início de outubro, o Vaticano publicou a nova Carta Encíclica Fratelli Tutti, com mensagem ecumênica, dedicada ao tema da fraternidade universal, em suas múltiplas faces. Nessa perspectiva, a Carta Encíclica propõe reflexões com características teológicas e práticas.
O Seminário Diálogos em Construção é uma iniciativa que busca a construção da paz política. A iniciativa, a partir do campo da comunicação, deseja contribuir para estimular a coesão social e a cura das cicatrizes dos conflitos internos vividos no País, na perspectiva da construção da paz.
O reitor Dom Joaquim Mol destacou que a amizade social implica a aproximação de grupos sociais, distantes uns dos outros, mas também de um renovado encontro com os mais pobres. “O Papa chega a dizer que não é possível renovar a sociedade se não começar pelos mais pobres, tem que começar de baixo para cima. Então, é forte essa expressão dele: quando se trata de recomeçar, pessoalmente, sempre há de ser a partir dos últimos. Nenhuma mudança autêntica, profunda e estável é possível se não se realizar a partir das várias culturas, principalmente a dos pobres”.
Dom Mol lembrou que a encíclica Fratelli Tutti é o mais recente texto que passa a compor a doutrina social da Igreja, o ensino social da Igreja Católica. As outras encíclicas são a Laudato’ Si e Querida Amazônia, que , como observou Dom Mol, defendem a ecologia integral.
O reitor destacou o significado de Fratelli Tutti (Somos irmãos), lembrando que esta era a forma com a qual Francisco de Assis se dirigia a seus irmãos, “todos irmãos e irmãs naturalmente”.
Nesse sentido, prosseguiu Dom Mol, a amizade social e a fraternidade devem ser “a cultura do encontro favorecida pelo diálogo, construída, elaborada, tecida pelo diálogo, ela e o novo estilo de vida, a nova forma de interações. Precisamos entender a nova cultura assim, como o novo jeito de ser presente no mundo, de ser gente uns com os outros dentro do mundo”.
Dom Mol lembrou, então, a afirmação do Papa de que o país cresce quando a cultura popular dialoga com a cultura universitária, a cultura das juventudes dialoga com a cultura artística, tecnológica, a cultura econômica e familiar com a cultura dos meios de comunicação. “Contudo, ele diz que as diferenças enriquecem, a cultura do encontro não é para tornar todos iguais, mas para destacar, na harmonia das culturas, as diferenças todas”, argumentou o reitor.
“Eu costumo dizer que o Papa Francisco é 'agapicocêntrico', ou seja, tem no centro o amor e todos que são capazes de amar, porque é isso que vai gerando, vai espalhando outras boas atitudes e construções no campo político, social, ecológico, e assim por diante, das relações, disse o reitor. “E ele fala, então, que é a partir dos mais pobres e vulneráveis que nós damos um passo decisivo. A amizade social implica a aproximação de grupos sociais, distantes uns dos outros, mas também de um renovado encontro com os mais pobres”.
E, por último, destacou o professor Dom Joaquim Mol, "o Papa nos convida a passarmos de uma justiça punitiva para uma justiça restaurativa, porque a pessoa, ao pagar pelo seu crime, precisa ser também restaurada como pessoa, em dois caminhos: por causa da sua própria dignidade e para que ele aprenda a respeitar a dignidade dos outros”.