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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais | Setembro/Outubro de 2019 - nº 33

I Seminário de Pastoral – Anec MG

Pâmella Ribeiro
O padre Márcio Souza, o reitor Dom Joaquim Mol, Dom João Justino, Irmã Cláudia Chesini e o professor Clóvis Oliveira
O padre Márcio Souza, o reitor Dom Joaquim Mol, Dom João
Justino, Irmã Cláudia Chesini e o professor Clóvis Oliveira

O I Seminário de Pastoral – Anec MG reuniu educadores de escolas católicas da região metropolitana e do interior do Estado, no dia 6 de setembro, no auditório 3 do prédio 43, Campus Coração Eucarístico.

O evento teve a presença do reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e de Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo metropolitano de Montes Claros e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da CNBB.

Dom Mol observou a importância de se fazer uma escola favorável para o crescimento daqueles que a frequenta. Dirigindo-se aos presentes, disse que "nós não temos outra alternativa a não ser esta de estarmos juntos", referindo-se à  particularidade dos tempos que vivemos hoje, ontem e no futuro. Dom Mol ressaltou duas características para uma boa evangelização; compreender as diversidades deste mundo em que as pessoas são diferentes; e compreender as diversidades e adversidades deste mundo. "Estamos vivendo um tempo de anti-escola, parece que ela está se tornando desnecessária em várias partes do mundo. Anti-escola porque anti-educação porque anti-capacidade de compreender o mundo", pontuou Dom Mol. E chamou a atenção para a importância das obras sociais desenvolvidas pelas entidades educacionais filantrópicas, ameaçadas pelo projeto de lei em tramitação no Senado.

Dom Mol lembrou que a evangelização passa pelo humanismo, humanismo que está sendo em muitos aspectos descaracterizado e por isso se necessita de um novo. Solicitou a todos os presentes também o apoio ao Sínodo da Amazônia, convocado pelo Papa Francisco, no sentido de educadores e pastoralistas aderirem ao #euapoioosinodo nas redes sociais, enviando vídeo de apoio à campanha desenvolvida pela CNBB.

O palestrante Dom João Justino disse que a escola católica talvez seja o mais potente e privilegiado instrumento para a reverberação de uma escola em saída, como apregoa o Papa Francisco. Dom João Justino mostrou características importantes do pensamento do Papa Francisco com relação à Educação, que deve estar aberta à realidade, completou. E citou algumas características desse pensamento: a educação deve estar atenta e disponível aos mais frágeis; educação que transmita atos, conteúdos e valores; educação a partir da relação na proposição do encontro; educação para o cuidado com a Casa Comum, preocupação descrita na Laudato Si' e presente também em todo o bispado do Papa Francisco; a importância da educação que valoriza a dimensão lúdica; a educação para o diálogo e o respeito, chamando a atenção para a importância de primeiro se ouvir e depois falar; educação que acompanha e ensina a acompanhar; e a educação para o verdadeiro, para o belo, para o bom, entre outras características.

E citou também pilares de como o Papa Francisco pensa a educação; educação como fato popular que ajuda a construir o futuro de uma nação; a necessidade de acolher e integrar a diversidade como riqueza; a coragem de enfrentar os novos desafios antropológicos; a inquietude como motor educativo; a pergunta e a pesquisa como método; a consciência e a aceitação dos limites; a dimensão familiar e generativa da relação educativa. "A escola é um lugar privilegiado para a promoção da pessoa, contudo a escola precisa de uma urgente autocrítica", citou Dom João Justino. Ele se referiu aos resultados de pastorais de muitas instituições educacionais que, frequentemente, de acordo com o Papa Francisco, se mostram incapazes de suscitar experiências de fé duradouras. E ainda algumas escolas católicas que parecem organizadas apenas para conservar a situação presente.

Compuseram também a mesa de abertura a Irmã Cláudia Chesini, coordenadora nacional do Setor de Pastoral da Anec; o padre Márcio Ribeiro de Souza, coordenador da Comissão Arquidiocesana de Escolas Católicas (Caec)  de Belo Horizonte; e o professor Clóvis de Oliveira, representante do Conselho Estadual da Anec-MG e diretor do Colégio Santo Agostinho. O evento teve ainda a presença do padre Júlio César Rezende, assessor da Pastoral da Educação, da CNBB, e do professor Eugenio Batista Leire, pró-reitor adjunto do Campus Betim e membro do Conselho Estadual de Minas Gerais da Anec.

O professor Clovis Oliveira disse que o evento acontece para ratificar dois objetivos: o de que todo centro educacional é uma unidade eclesial e fonte fecunda de evangelização, por meio do anúncio de Jesus ressuscitado e da boa-nova. "Toda escola católica deve lembrar-se disso e ter isso em seu projeto pastoral", disse. O segundo objetivo, observou, é a importância de se pensar as escolas católicas em rede, pensar em estratégias comuns, com ousadia, para se levar qualidade de ensino e evangelização, inclusive com as escolas particulares católicas do interior de Minas.

O professor Clovis disse que as escolas filantrópicas estão diante de forte ameaça com o projeto de lei aprovado recentemente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, com o qual se pretende acabar com a imunidade tributária dessas instituições, que não pagam 20% da cota patronal do INSS, recurso que é destinado a obras sociais dessas instituições.  Dirigindo-se aos presentes ao I Seminário, o professor disse que é necessário pressionar para que retirem a possibilidade de acabar com a imunidade tributária. "Isso significaria o fechamento total das obras sociais católicas" e o término de mais de 700 mil bolsas de estudo nessas instituições. Destacou ainda a necessidade de se lutar pela importância das obras filantrópicas, o que, com o atual projeto de lei, coloca em risco o serviço e a acolhida.

A Irmã Cláudia Chesini chamou a atenção dos presentes para a importância do cuidado para com a ação pastoral humanizada, com o estabelecimento de empatia para com as pessoas com as quais se convive. O pastor, aquele que evangeliza e que foi evangelizado, disse, tem que ter capacidade de escuta, de cuidado, de evangelização, para que se possa estar em contato, em comunhão com a Igreja, desse modo a Igreja em saída, como defende o Papa Francisco.

O padre Márcio de Souza disse que o I Seminário reúne forças para se assumir a educação católica, conversar e alinhar propostas pastorais, dimensão de comunhão, fortalecer a presença missionária e pastoral e reforçar e assumir a identidade católica.

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