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Newsletter da Pró-reitoria Adjunta de Contagem

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais | Junho de 2016 - nº 15

Mensagem do Pró-reitor Adjunto

Juventude e educação: caminhada longa e necessária

Lívia Arcanjo

Nossos filhos, alunos e os jovens mais próximos vivem nos perguntando sobre o futuro do Brasil. Nos momentos de maior prosperidade e, em especial, nas crises. Como diz o poeta Renato Russo na canção Que País é Este, lançada em 1987 num momento de dificuldade de estabilização política durante a redemocratização, ainda temos a esperança e acreditamos no futuro da nação. De qualquer forma, é natural que os jovens se inquietem mais com as incertezas do mundo “moderno” do que nós mesmos. Também erámos assim, com nossos pais, professores e pessoas mais experientes.

Uma máxima que sempre escutamos e procuramos replicar é a ideia de que estudar é a única forma de garantirmos algum patrimônio na vida. Na verdade, nossos avós, pais e protetores sempre diziam: “Meu filho, estude, pois a educação é o único bem que ninguém poderá tirar de você”.

E assim, com aquelas dificuldades intrínsecas da nossa era, íamos estudando, em geral na escola pública, rodeados de precariedades, às vezes com distâncias imensas de toda ordem: física, material, humana. Mas insistíamos. No fundo, tínhamos a consciência de que não ter uma boa formação de base só contribuiria para aumentar ainda mais essas barreiras. Havia uma fé consumada nessa perspectiva.

Em dinâmicas realizadas em escolas de ensino médio – nas quais sou convidado eventualmente a palestrar – costumo imputar uma ideia interessante. Pergunto aos alunos quem tem ou teve avós com curso superior. Pouquíssimos levantam as mãos. E pais? Pergunto. Dependendo da região, o número de alunos que erguem as mãos aumenta, às vezes significativamente. Nesse momento, digo a eles sobre a minha experiência de vida. E comprovo que há aproximadamente 30 anos, não teríamos nenhum aluno com avós com curso superior, quiçá pais.

Por muitos e muitos anos continuaremos a indagar sobre o futuro promissor de nosso país. As universidades têm muito a contribuir para um futuro melhor. Não podem viver a reboque de modelos de desenvolvimento que não priorizem a justiça social e só contemplem o progresso econômico. Um papel importante da universidade é o de permitir e possibilitar a difusão do conhecimento para que, em especial os jovens, possam se capacitar técnica e humanisticamente, tomar consciência de sua situação social e, consecutivamente, atuar autonomamente para o seu desenvolvimento pessoal, profissional, das instituições e do país como um todo.

O ensino superior deve ser encarado como de fato superior. Não no sentido arrogante de algo melhor ou de maior valor, em comparação com os demais estágios do processo educativo. Mas superior no sentido da qualidade: uma educação comprometida com a formação de cidadãos críticos, conscientes de seu papel social. Como algo que nos eleve a um novo patamar, e nos ajude a sair dos caminhos perversos da ignorância.

É na academia, local privilegiado da produção do conhecimento, que muitas realidades são transformadas. A do docente, que na nobre tarefa de ensinar, também muito aprende e apreende com essa experiência. A do aluno, que ao absorver novos conhecimentos a cada dia, vai progressivamente também se autotransformando. A própria instituição de ensino também é profundamente impactada nesse processo, pois o conhecimento gerado em seu ambiente a fortalece e faz dela um espaço ainda mais qualificado para a geração de outros conhecimentos. E principalmente do nosso país, que terá cidadãos bem formados, capazes de agir conscientemente para construir a nação que tanto queremos.

Nesse processo de construção do saber, é papel nosso, como educadores, ajudar a esclarecer aos jovens sobre os contextos históricos e a realidade presente. Na sala de aula, na família, com os amigos, e em tantos outros locais. No entanto, o mais relevante é procurar comprometê-los com o futuro, aquele tempo longínquo que a gente espera estar bem quando chegar.

Que assim seja.

Professor Robson dos Santos Marques
Pró-reitor adjunto da PUC Minas Contagem

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