Canal Aberto

Newsletter da Reitoria

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais | agosto/setembro de 2015 - nº 23

1º Simpósio PUC Minas sobre o Uso de Animais em Ensino e Pesquisa

Marcos Figueiredo
Evandro Bouzada, Raul de Barros Neto, o reitor Dom Mol, Nivaldo da Silva e Vitor Ribeiro
Evandro Bouzada, Raul de Barros Neto, o reitor Dom Mol,
Nivaldo da Silva e Vitor Ribeiro

Na abertura do 1º Simpósio PUC Minas sobre o Uso de Animais em Ensino e Pesquisa – Em busca de uma ética franciscana, realizada na tarde de 7 de agosto, no auditório do Museu de Ciências Naturais, o reitor, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, destacou que esse evento cuida de pensar de forma séria o tema, que é tão caro a uma instituição de ensino superior como a PUC Minas. "Não estamos desprezando a vida humana e não estamos colocando-a de lado, mas sim que todos possam viver de forma harmônica", disse.

O reitor lembrou que a Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua), criada na Universidade há cerca de cinco anos, não se confunde com o Comitê de Ética em Pesquisa. O evento, que prosseguiu até o dia 8 de agosto, contou, na abertura, também com as presenças do diretor do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), professor Raul de Barros Neto; do presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), Nivaldo da Silva; do conselheiro do Conselho Regional de Biologia de Minas Gerais, Evandro Freitas Bouzada; e do professor Vitor Márcio Ribeiro, presidente do Ceua. O papel do Ceua, disse Dom Mol, é o de acompanhar o ensino e a pesquisa com o uso de animais, autorizando esse uso ou não. Para ele, o 1º Simpósio tem o objetivo de promover reflexão no uso de animais para esses fins.

O professor Vitor Ribeiro disse que é um desafio aos profissionais que lidam com animais integrar a mensagem de São Francisco de Assis com o uso de animais em ensino e pesquisa. Para ele, o evento trata de temas delicados, muitas vezes evitados.

O professor Raul de Barros Neto destacou a importância de a Universidade, através do ICBS, sediar o evento, porque é um local de formação profissional e que o uso ou não de animais em pesquisa deverá diminuir com o avanço da biotecnologia. Ele lembrou que a PUC Minas, já no final da década de 1980, possuía política de diminuição do uso de animais para esses fins.

O presidente do CRMV-MG disse que observa uma evolução das técnicas utilizadas no uso de animais, que a entidade prega o respeito a eles e está sintonizada com a preocupação em torno da formação dos médicos veterinários, para alcançar uma melhor sociedade, observou Nivaldo da Silva.

Para o conselheiro do CRBio-MG, o evento é uma oportunidade de discussão de um tema que requer criatividade e ética para se pensar novos caminhos. Ele lembrou que a bioética compõe, como um dos temas mais importantes, os currículos acadêmicos. "Toda a atividade do biólogo consagra o respeito à vida sob todas as suas formas, e isso está no Código de Ética da profissão", disse Evandro Bouzada. Ele observou que os cursos de Biologia em Minas Gerais têm substituído o uso de animais, especialmente na área de ensino, por vídeos, por exemplo, e a celebração de convênios entre universidades e zoológicos, com doações de animais para esses fins, depois de mortos.

Em seguida à abertura, o coordenador da Pastoral PUC Minas, professor Edmar Avelar de Sena, falou sobre A Visão de Francisco de Assis e o Uso de Animais em Ensino e Pesquisa. Para ele, São Francisco de Assis supera os limites do religioso no uso de animais. Para o professor Edmar, São Francisco de Assis conseguiu sintonizar-se com todos os seres vivos, ao se unir aos pobres e aos injustiçados, fazendo um movimento do seu próprio interior. Citando palavras de São Francisco de Assis, Edmar disse que é preciso resgatar a humanidade em todos nós e nos próprios cientistas. E lembrou que a Carta Encíclica do papa Francisco, Cuidado com a Casa Comum, lançada em maio, trata da casa comum que é o planeta Terra, resgata a visão de São Francisco de Assis e promove reflexão e justiça social. O professor Edmar disse que atualmente pretende-se a reconciliação da ciência com o Universo, colocando-se todos em sintonia com os outros que habitam essa casa comum. "Se não cuidarmos do ambiente humano, o ambiente se degrada no seu conjunto", disse. Ele defendeu ainda a luta pelos direitos dos animais e conclamou todos a erguer a bandeira da ecologia e da justiça social, assim como fez São Francisco de Assis. Finalizando, citou passagem da encíclica do papa Francisco: "No fim, encontrar-nos-emos face a face com a beleza infinita de Deus (cf.1 Cor13, 12) e poderemos ler, com jubilosa admiração, o mistério do universo, o qual terá parte conosco na plenitude sem fim. Estamos a caminhar para o sábado da eternidade, para a nova Jerusalém, para a casa comum do Céu. Diz-nos Jesus: "Eu renovo todas as coisas" (Ap 21, 5). A vida eterna será uma maravilha compartilhada, onde cada criatura, esplendorosamente transformada, ocupará o seu lugar e terá algo para oferecer aos pobres definitivamente libertados".

Ao final do dia, houve o lançamento do livro Ecologia e Animais: Ensaio a partir de uma indignação ética, do frater Henrique Cristiano José Matos.

« Volta