|
|
Ainda hoje todos os dilemas, indagações e reflexões fazem referência à pandemia do novo coronavírus e à perplexidade diante das vidas perdidas e das transformações no cotidiano de todos nós. A pandemia é ainda nosso maior desafio e que experimentamos inicialmente, de maneira inédita pela extensão e intensidade, a percepção de que todos vivemos em um só planeta e que convivemos solidários em uma única comunidade acadêmica, a PUC Minas. Esta ameaça invisível nos faz indagar sobre a correlação de nossas vidas com os demais seres vivos. A pausa involuntária imposta pela pandemia nos faz pensar sobre nossos modos de vida regidos por uma cruel aceleração dentro da lógica de superprodução e consumismo. Comparando a pandemia a uma tempestade, escreveu Papa Francisco: a tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Com a tempestade, caiu a maquilagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso “eu”, sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, esta (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.[1] Este ano pandêmico, que ora anuncia seu final, permitiu-nos reconhecer e valorizar todos como membros de uma comunidade acadêmica, e nos vimos plenos a entender que nossas atividades e ações de trabalho e estudo são tecidas e asseguradas por pessoas comuns que, indubitavelmente, escrevem de forma compartilhada e única nossa história – alunos, professores e funcionários da nossa Universidade. Compreendemos que ninguém está sozinho.
Desta maneira, pautados em regime remoto, chegamos ao final deste ano apresentando um balanço positivo de nossas atividades acadêmicas, fruto de um trabalho responsável, solidário, criativo e cordial de nossos funcionários, professores e alunos, regidos por grande espírito de coletividade. As atividades presenciais ainda são objeto de debate rotineiro entre as autoridades públicas de saúde, os setores de educação da sociedade e o Comitê de Monitoramento do Coronavírus da PUC Minas. Deste modo, cuidadosamente solidários, estamos planejando para o primeiro semestre de 2021 nossa agenda universitária, pautada pelo regime remoto e norteada pelo respeito e a preservação da vida, como atitudes alicerçadoras de nossa reconhecida qualidade universitária, sempre determinada por adequada política e gestão comunitária institucional.
Na Carta Encíclica Fratelli Tutti, Papa Francisco nos convida à esperança que nos fala duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor. A esperança é ousada, sabe olhar para além das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna. [2] Em 2021, caminhemos na esperança e esperancemos, com o nascimento do Menino Jesus, vida plena e solidária. A todos nós PUC Minas, desejamos feliz Natal e um ano novo pleno de paz, amor e saúde, muita saúde!
Professor Cláudio Listher Marques Bahia Diretor Acadêmico da PUC Minas São Gabriel
[1] Homilia durante o Momento extraordinário de oração em tempos de epidemia (27 de março de 2020): L´Osservatore Romano (29/III/2020), 10.
[2] Discurso no encontro com os jovens do Centro Cultural Padre Félix Varela (Havana – Cuba 20 de setembro de 2015): L´Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 24/IX/2015), 9.
|