"Política não é o que eu quero, mas o que eu coloco para discutir e o que é possível ser feito naquele momento. Se for o que eu quero, na hora que eu quero, é ditadura". Essas foram palavras do professor Teodoro Adriano Costa Zanardi, do Curso de Direito e do Programa de Pós-graduação em Educação, em referência à aprovação, neste ano, do Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para o setor. "Há uma pressão de movimentos organizados em prol dessa luta. A implantação desse projeto depende de uma permanente participação popular", afirmou.

A palestra foi proferida na abertura da 1ª Semana do Anima PUC Minas, na manhã da última terça-feira, 2 de setembro, na Unidade Barreiro. O Anima PUC Minas é um sistema avançado de formação, que congrega diversos setores, entre eles o Nesp (Núcleo de Estudos Sociopolíticos, da PUC Minas e da Arquidiocese de Belo Horizonte) e a Pastoral na Universidade. Com o tema Eleições Limpas e Movimentos Populares, a 1ª Semana do Anima, na PUC Minas no Barreiro, contou também com palestra do professor Robson Sávio Reis Souza, coordenador do Nesp; e participação do coordenador da Pastoral na unidade, professor Salustiano Alvarez Gomez, que conduziu a atividade.

Na palestra, o professor Teodoro abordou, entre outros temas, o distanciamento que existe entre o que a sociedade espera dos políticos e o que é efetivamente feito pelos eleitos. Ele contou que foram várias décadas até a conquista do voto, uma forma democrática de participação popular. "Foi uma conquista construída pela sociedade brasileira e que, atualmente, reivindica melhorias na qualidade dessa participação", explicou. Falou ainda sobre os problemas decorrentes do financiamento privado de campanhas eleitorais e do uso do dinheiro público na manutenção dos partidos, por meio do Fundo Partidário.

O evento também aconteceu no campus Coração Eucarístico, dias 3 e 4 de setembro, e no núcleo universitário em Contagem, será realizado em 17 de setembro. Confira a programação.

Seguindo a linha apresentada pelo professor Teodoro, o professor Robson Sávio Reis Souza, que é filósofo e cientista político, afirmou na palestra que "hoje, cada vez mais, vemos um distanciamento entre representantes e representados". Apesar disso, de acordo com ele, a base da democracia é a representação. "Quando não há legitimidade, temos um problema terrível, pois, se não nos representam, não estão conectados com os anseios populares", disse.

A influência dos financiadores nas campanhas eleitorais foi outro tema em pauta no evento. "O eleitor fica frustrado, porque está votando, mas não está elegendo. Mas sim o poder econômico, que deságua no marketing político", disse. Ao longo da palestra, demostrou, por meio de exemplos, as dificuldades que as minorias têm de se verem representadas na política. "Os partidos reproduzem a lógica machista, em que não há espaço para as mulheres. Temos uma sociedade plural e democrática, mas que não consegue dar espaço para as minorias", afirmou.

O plebiscito popular por uma Constituinte Exclusiva, que tem o objetivo de pressionar o Congresso para a reforma Ppolítica, também foi citado pelo professor Robson como uma iniciativa importante, porém, difícil de ser concretizada. "Tenho dúvidas se será suficiente para mobilizar o Congresso, que não quer fazer a reforma política", observou o professor, para quem a reforma deve ser feita de modo a representar os desejos populares.

Ao final, o professor exibiu um dos seis vídeos da série Eleições 2014 – Voto no Brasil, produzidos pelo Nesp em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o objetivo de contribuir para a formação política dos cidadãos a partir de linguagem simples e com a apresentação de exemplos comuns ao cotidiano de cada pessoa. Os vídeos podem ser assistidos aqui.

Para mais informações, acesse o Projeto de Lei de Iniciativa Popular: reforma política democrática e eleições limpas.