IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 116 | 25/11/2019 a 25/12/2019

Destaque

Viver mais e melhor

A população brasileira está envelhecendo cada vez mais. À primeira vista, essa afirmação pode parecer bastante óbvia, mas na realidade ela diz que nossa expectativa de vida aumentou. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou mais de 40 anos em 11 décadas. Em 1900, a média era de 33,7 anos, dando um salto significativo neste intervalo de tempo, atingindo 75,4 anos em 2014.

Em um país que valoriza sobremaneira a juventude é imprescindível olhar com atenção para a população idosa. “Ainda precisamos de muito investimento político, técnico e organizacional para lidar com os nossos idosos. Precisamos tratar dos aspectos culturais, especialmente em um país que o belo é ser jovem, temos que investir muito na intergeracionalidade para que a pessoa idosa seja respeitada em sua singularidade e em seus direitos”, afirma Natália de Cassia Horta, coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da PUC Minas.

Na entrevista abaixo, Natália fala sobre qualidade de vida, práticas integrativas, pesquisas na área, entre outros assuntos. Confira:

 1) Como anda a qualidade de vida do idoso atualmente no contexto da capital mineira?

Extremamente desafiante esta pergunta por que quando pensamos em qualidade de vida da pessoa idosa temos que pensar desde o idoso robusto ao idoso frágil. Além disso, estamos dizendo de um conceito bem subjetivo e que tem relação direta com o bem-estar, com a saúde e com a longevidade ativa e saudável, especialmente com funcionalidade. Para isso é importante refletirmos sobre as políticas de promoção da saúde, de cuidados de longa duração e de outras políticas intersetoriais que impactam na qualidade de vida, numa dimensão estrutural que inclui educação, cultura, habitação, lazer, dentre outros. E neste âmbito temos ainda muitas lacunas, no contexto nacional. Além disso, faltam serviços de acolhimento e de referência para o idoso com oferta de ações que impactam na qualidade de vida além da retaguarda para a família, especialmente para os idosos frágeis. 

Ainda precisamos de muito investimento político, técnico e organizacional. Precisamos partir dos aspectos culturais, especialmente em um país que o belo é ser jovem, temos que  investir muito na intergeracionalidade para que a pessoa idosa seja respeitada em sua singularidade e em seus direitos. 

2) O que são práticas integrativas? Em que medida elas auxiliam na melhoria da qualidade de vida do idoso?

As práticas integrativas complementares são recursos terapêuticos, alguns  deles  milenares, baseado em conhecimentos tradicionais que contribuem para o cuidado integral a pessoa idosa, podendo ser articulados aos cuidados da medicina tradicional. No Brasil temos, desde 2006, uma Política Nacional de Práticas Integrativas, com 29 práticas incluídas tais como reiki, acupuntura, homeopatia, fitoterapia, ioga, musicoterapia, meditação, antroposofia e outras mais que podem impactar positivamente na qualidade de vida da pessoa idosa. Para isto estas práticas devem ser prescritas com conhecimento especializado, monitoradas e avaliadas. Já temos no Brasil muitas experiências positivas na implementação das práticas integrativas, especialmente na atenção primária a saúde, incluindo as pessoas idosas.

3) Quais são os principais avanços e novidades nas pesquisas sobre o idoso? O que a PUC oferece para este público? 

Frente ao cenário demográfico e epidemiológico brasileiro, faz-se cada vez mais necessário o desenvolvimento de estudos tendo como foco a população idosa. Somos um país com um contingente cada vez maior de idosos e de idosos cada vez mais idosos. Já perdemos a janela de oportunidades para a qualificação profissional no âmbito da Gerontologia e, na verdade, estamos correndo atrás de adequações políticas, estruturais e assistenciais de qualidade para o idoso. 

Assim, ter grupos de pesquisa e docentes que buscam estudar esta população em seus diferentes aspectos é imprescindível. Temos desenvolvido na PUC Minas, no grupo de pesquisa PHASE, algumas pesquisas com foco no cuidado da pessoa idosa. Finalizamos um estudo grande sobre a Qualidade de Vida do idoso institucionalizado no ano passado; estamos finalizando outro estudo sobre Qualidade de Vida de Cuidadores de Idosos com Demência de Alzheimer e estamos desenvolvendo outra pesquisa sobre Práticas integrativas e complementares para o idoso institucionalizado. 

Temos ainda outros docentes, de diferentes departamentos, desenvolvendo pesquisas focadas na população idosa e que estão também conosco na Pós-graduação.  Além disso, temos o PUC Mais Idade, um importante projeto de extensão que acontece em diferentes campi/ unidades e que permite aos idosos o acesso a práticas cuidadoras, de socialização e entretenimento que impactam na qualidade de vida. Temos ainda outros projetos de extensão, ações da Pastoral, do Coral da PUC, dente outras, que envolvem o público idoso. 

4) Explique um pouco sobre a atividade do cuidador do idoso: suas atribuições, formação, características pessoais etc. 

O cuidador de idoso é aquela pessoa que destina parcialmente ou integralmente seu tempo para prestar os cuidados necessários a pessoa idosa. No Brasil, em geral são familiares, especialmente filhas, netas ou noras, que informalmente prestam este cuidado sem qualificação técnica, em geral e com alta sobrecarga pessoal e familiar. Os custos para que as famílias mantenham cuidadores formais é elevado o que, atrelado ainda a falta de uma política de cuidado de longa duração, torna esta possibilidade muito remota para a maioria das famílias brasileiras. 

Temos vivido no Brasil impasses na regulamentação da profissão de cuidador de idosos frente a divergências de conselhos profissionais, da qualificação profissional necessária, dentre outros. Entretanto, estamos diante de uma das profissões que mais crescem em termos de mercado pelas necessidades do envelhecimento. É preciso que seja uma temática com alta prioridade política e estratégica e que envolva pesquisadores e técnicos de referência para avanços nesta discussão.  

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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