IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 115 | 22/10/2019 a 22/11/2019

Destaque

Outubro Rosa e Novembro Azul: cores que salvam

Até o final deste ano, cerca de 600 mil pessoas serão diagnosticadas com câncer no Brasil. Destas, 170 mil terão câncer de pele não melanoma (o mais comum, com alto percentual de cura) e 420 mil novos casos serão distribuídos entre os demais tipos da doença. Essas estimativas refletem o perfil de um país que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina, cólon e reto entre os mais incidentes, e que ainda apresenta altas taxas para os cânceres do colo do útero, estômago e esôfago.

É por isso que campanhas como Outubro Rosa e Novembro Azul devem ser valorizadas e difundidas. “Nos países de baixa e média rendas, o diagnóstico do câncer de mama, por exemplo, ocorre em estágios mais avançados da doença, aumentando a morbidade relacionada ao tratamento, comprometendo a qualidade de vida e reduzindo a sobrevida dos pacientes”, explica Lilian Lage, enfermeira e professora do IEC PUC Minas.

Segundo a professora, a melhor forma de combate à doença é a prevenção e o diagnóstico precoce. “Como o câncer costuma agir silenciosamente, é indispensável realizar exames constantes de acordo com sua faixa etária e grupo de risco. Embora as campanhas sejam específicas para determinados tipos da doença, é importante conversar sempre com seu médico sobre exames preventivos. Quanto mais cedo a doença for detectada, mais chance de cura o paciente tem. Além disso, adotar hábitos saudáveis de alimentação, evitando o sedentarismo, o uso de álcool e de tabaco são ótimos aliados, explica Lilian.

Fatores de Risco

“No caso do câncer de mama, múltiplos fatores ampliam as chances de desenvolver a doença. São eles: idade da primeira menstruação menor do que 12 anos, menopausa após os 55 anos, mulheres que nunca engravidaram ou nunca tiveram filhos (nuliparidade), primeira gravidez após os 30 anos, uso de alguns anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa, especialmente se por tempo prolongado, exposição à radiação ionizante, consumo de bebidas alcoólicas, dietas hipercalóricas, sedentarismo e predisposição genética (pelas mutações em determinados genes transmitidos na herança genética familiar – principalmente por dois genes de alto risco, BRCA1 e BRCA2)”, explica Lilian.

Já o câncer de próstata apresenta outros fatores que podem ampliar o risco de contrair a doença de acordo com o Instituto Nacional do Câncer – INCA, tais como: a idade (incidência e mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos), ter pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, excesso de gordura corporal, exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.

Política Nacional de Saúde

O controle do câncer de mama tem sido uma das prioridades na agenda da Política Nacional de Saúde do Brasil. Assim, o Ministério da Saúde, por meio da publicação “Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil”, recomenda a identificação da doença em estágios iniciais por intermédio das estratégias de detecção precoce, pautadas nas ações de rastreamento e diagnóstico precoce.

A mamografia bienal para as mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos é a estratégia de rastreio indicada, enquanto o diagnóstico precoce é formado pelo tripé: população alerta para os sinais e sintomas suspeitos; profissionais de saúde capacitados para avaliar os casos suspeitos; e sistemas e serviços de saúde preparados para garantir a confirmação diagnóstica oportuna e com qualidade.

Para lidar com o câncer de próstata, o Ministério da Saúde não possui uma estratégia voltada especificamente para esta doença, mas criou, em 2009, a “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem”. O PNSH visa qualificar a saúde da população masculina na faixa etária entre 20 e 59 anos, oferecendo diagnóstico precoce e prevenção de doenças cardiovasculares, cânceres e outras, beneficiando 55 milhões de homens (27% da população total e 55% da população masculina).

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem trabalha com cinco eixos prioritários: acesso e acolhimento; paternidade e cuidado; doenças prevalentes na população masculina; prevenção de violência e acidentes; e saúde sexual e reprodutiva.

Em alerta

Conhecer o próprio corpo é uma grande arma contra alguns tipos de câncer. Vale lembrar que a maior parte não apresenta alterações físicas aparentes, nem sintomas facilmente identificáveis. No caso do câncer de mama, o autoexame ajuda a identificar alguns sinais. Fique atento se perceber algum caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor em alguma das mamas; a pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Vontade frequente de urinar à noite, fluxo de urina fraca ou interrompida, sangue na urina ou no sêmen, disfunção erétil, dor no quadril, costas, coxas, ombros e outros ossos e fraqueza ou dormência nas pernas e nos pés são sintomas associados ao câncer de próstata.

Tratamento

Após o diagnóstico da doença, o médico discutirá com o paciente as opções de tratamento, que dependerão do tipo e estágio do tumor, localização, estado de saúde geral do paciente e dos possíveis efeitos colaterais. Lilian Lage ressalta as formas mais comuns de tratamento:

Lilian ressalta que os pacientes oncológicos possuem peculiaridades no que se refere às alterações clínicas, psicológicas e sociais advindas do tratamento. “O atendimento deve ser de forma humanizada e acolhedora; planejado desde a consulta, onde são abordadas a educação do paciente/familiar para o tratamento, prevenção e cuidados diante das prováveis toxicidades. A administração das medicações e o acompanhamento durante o tratamento, não apenas uma assistência voltada ao caráter técnico e prático, mas com habilidades que garantam uma assistência integral ao paciente, qualidade de vida e bem-estar”, conclui.

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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