IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 112 | 15/04/2019 a 15/05/2019

Fala, Professor!

Desafios da Educação: por onde começar? Como se adaptar?

 

A atividade de gestão educacional tem, a cada dia, se tornado mais complexa e exigido mais dos profissionais da Educação. No artigo abaixo, os coordenadores do curso de MBA em Gestão Estratégica de Escolas, professores Elimar Silva Melo e Cristiano Lopes Carvalhaes, refletem sobre os desafios da Educação e sugerem formas de adaptação aos educadores. 

 

Escuta-se com frequência a frase: “Estamos em uma época de transição” dentre outras afirmações do tipo da velocidade das mudanças, de uma era nunca experimentada antes com expressivas modificações em vários ambientes da convivência humana. E a Escola não escapa a isso. Temos uma suspeita de que ficar colocando o foco na fase de mudança é desviar do que de fato interessa: os efeitos das mudanças. Vejam bem, esta é uma situação que buscar causas e causadores das mudanças se faz importante, porém, não fará a mínima diferença na avalanche de efeitos que são causados por elas.

Mudanças de origem tecnológica que afetam sobremaneira os hábitos das pessoas são, em sua maioria, irreversíveis e trazem em seu bojo novos patamares de interação e, junto com eles, novos desafios e novos problemas; assim como novas alternativas de solução para problemas antigos. Um exemplo: há um século uma mudança radical era o uso do automóvel em substituição aos cavalos e carroças como transporte urbano. Óbvio que esta mudança encontrou resistências e pessoas que não gostaram dela. Buscaram as causas, contudo, não houve retorno. E até hoje lidamos com as consequências das mudanças; tipo: não convivemos com esterco nas ruas, mas temos uma poluição da atmosfera perigosa. Há ganhos e perdas, certo?!

Bem, só um elemento atual para vermos a relevância dos hábitos em nossas vidas... Pergunta: Quantas vezes você interrompeu esta leitura para consultar o WhatsApp? Percebe?! Isso modifica o jeito de conviver e, certamente, o jeito de aprender; tornando cada vez mais desafiante o processo de sucesso com os educandos.  Entendo aqui sucesso como aprendizado, sem entrar na discussão sobre se o conteúdo é ou não relevante para o momento atual (esta é outra prosa e outro desafio). O interessante é entender que os desafios veem em proporções maiores a cada momento em aspectos técnicos, operacionais e relacionais para as Escolas.

Nosso interesse aqui é iluminar parte dos desafios relacionais e a BNCC, inclusive, nos ajuda a sistematizar e entender como é fundamental observá-los. Ela, a BNCC, aponta competências ligadas às atitudes e ao caráter (socioemocionais) que nos ajudam muito a tratar dos efeitos das mais recentes mudanças dentro do ambiente escolar. Não que essas competências sejam “novas”, mas se tornaram extremamente necessárias para proporcionar ambientes educativos mais efetivos e sólidos.

Neste contexto, chamamos a atenção ainda mais para a necessidade do planejamento, e não somente o financeiro ou acadêmico, mas sim o estratégico. Para onde seguir? Aonde sua instituição quer chegar? Qual a visão institucional? O certo é que ficar “esperando” o que vai acontecer ou estagnar na repetição de velhas práticas talvez seja a pior escolha. A velocidade das mudanças é grande, gigantes mundiais se extinguiram nos últimos anos. Se você nasceu na década de 90 já ouviu falar ou até entrou numa loja da Blockbuster.  Nos anos 2.000 a empresa chegou a ter mais de 9.000 lojas e 84.000 funcionários em todo o mundo. Após atingir o seu auge em 2004, apenas 15 anos atrás, a empresa se desfaleceu e atualmente possui apenas 1 loja no interior do continente americano.

Quantas instituições de ensino eram referência há 10, 15 ou 20 anos atrás em sua cidade? Algumas que conheço encerraram as atividades, outras foram incorporadas, algumas estão buscando se reconstruírem e até mesmo se manterem no mercado. Os desafios são muitos, e o gestor tem a responsabilidade do “agora”, de conduzir a sua instituição com planejamento, competência, responsabilidade e com muito diálogo; junto com sua equipe e com todos os stakeholders que “circundam” os ambientes da escola (externo e interno).

O que se percebe é uma urgência em aprofundar na análise das tendências que esses ambientes apontam e nos desafiam, para reconhecer os limites e avançar para além das fronteiras que a Escola apresenta atualmente. Pois, na evolução, só conhecemos este caminho de sobrevivência: o caminho da adaptação. Já aprendemos que não é o mais forte que perpetua sempre; é o que melhor se adapta. Assim, o foco, o centro de toda a reflexão é: “Como se adaptar, sem perder o significado e a essência?”. É bom destacar que a pergunta não passa se devemos ou não nos adaptar. É uma questão de “como”, fundamentalmente.

 

Autores: Elimar Silva Melo e Cristiano Lopes Carvalhaes (Coordenação do Curso de MBA em Gestão Estratégica de Escolas) .  

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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