IEC | Pós-graduação lato sensu PUC Minas

número 110 | 04/12/2018 a 31/12/2018

Destaque

Criatividade é a capacidade de conectar saberes

Pensar a criatividade hoje é deixar para trás os conceitos ultrapassados de que ela é uma característica intrínseca a algumas pessoas. Considerada como uma ferramenta diferencial no mercado, ela é capaz de oferecer soluções interessantes para os diversos contextos e desafios atuais. Dentro desta perspectiva, os processos criativos ganham, cada vez mais, relevância.

Desde 2006 em oferta no IEC, o curso de Processos Criativos em Palavra e Imagem se propõe a desvendar o tema.  Este ano, a pós-graduação altera sua trajetória e desdobra-se em quatro. Processos Criativos passa, então, a ser um Programa, que oferta quatro especializações, todas elas com um núcleo comum, costurados pela rede de articulações teóricas que garantem a prática autoral e valorizam a construção de um portfólio.

Confira a entrevista com as coordenadoras do curso, professoras Renata Alencar e Tailze Melo. Além do Programa, elas falam sobre processos, criatividade, mercado e aspectos da contemporaneidade.

Porque é tão (e cada vez mais) importante estudar e compreender os processos criativos que permeiam as produções de diferentes áreas?

Nunca se falou tanto em inovação e, portanto, na importância da criatividade para fazer a diferença em contextos de trabalhos diversos. Ora, ser criativo e inovar nada mais é do que propor soluções interessantes para contextos desafiadores. Em alguns momentos ser inovador é pensar uma solução exequível e simples para resolver um problema, em outros é ousar e pensar em ideias disruptivas. Temos que perder aquela ideia estereotipada de que o sujeito criativo é aquele que sempre pensa diferente dos outros e apresenta soluções irreverentes. Não, a pessoa criativa lida com prazos e tem a sensibilidade de propor o caminho mais interessante para aquele contexto de um modo singular. Criatividade nada mais é do que a capacidade de conectar saberes, pessoas e referências de diferentes campos para se chegar a uma boa ideia. No entanto, desenvolver esse pensamento em rede requer prática e também repertório e essas habilidades podem ser desenvolvidas como apostamos no Programa.

O mercado afirma que precisa de pessoas criativas. Se antes esta exigência era mais ligada às áreas das artes ou das produções com interface diretamente relacionada às artes, como o design e a propaganda, por exemplo, hoje a criatividade expande-se para variadas áreas, como a gestão e a educação. O que mudou no decorrer do tempo para que chegássemos neste cenário?

Acreditamos que são muitos os fatores. Temos o contexto sociotécnico que possibilitou com a internet o acesso a um mundo de informações. Por um lado, isso facilitou muita coisa, mas por outro também trouxe outros desafios. Um deles é, por exemplo, a capacidade de construir narrativas a partir dessa inflação simbólica, desse excesso de informações a que temos acesso todos os dias. Nesse aspecto, o papel do professor, por exemplo, está sendo reconfigurado. Não existe mais aquela ideia de transmissão de conhecimento, porque isso a cultura on-line faz melhor. Mas, existe uma  necessidade pedagógica fulcral em nossos tempos voltada para questões de contextualização de conhecimento e também para tornar a escola e a universidades espaços mais conectados com os anseios das  novas gerações. Aqui entra a figura do professor criativo, capaz de pensar em soluções de aprendizagem instigantes e desafiadoras para seus alunos. Esse exemplo poderia se estender para diferentes profissões, uma vez que em todas as áreas é necessário estar atento aos novos contextos de produção, sempre moventes, sempre em trânsito.

O curso de pós-graduação em Processos Criativos em Palavra e Imagem é um dos pioneiros da área de processos e criatividade em BH, sendo muito bem-sucedido em todas as campanhas. O que as motivou a alterar a proposta e transformá-lo em quatro novas propostas? O que esperar deste novo programa?

O Programa não é uma transformação do Processos Criativos em Palavra e Imagem, mas um desdobramento, que considera dois aspectos. Um diz respeito à matriz curricular estruturada como uma rede de articulações teóricas que se conectam para a realização das práticas autorais desenvolvidas no curso. O outro se volta para a valorização da construção de um portfólio. Não se trata apenas de buscar um título, mas de estar mais preparado para os mercados criativos que selecionam seus profissionais pela produção criativa desenvolvida em contextos diversos. Além disso, existe também a oportunidade de sistematizar um processo criativo potente com a orientação de uma equipe multidisciplinar de professores. Temos claro que o pensamento criativo é intersemiótico e, por isso, a fluidez entre linguagens é fundamental para a criação.

O curso abarca dois momentos, divididos pelo núcleo comum e o núcleo específico, em que é possível escolher entre os quatro cursos: Escrita Criativa, Narrativas Gráficas, Fotografia e Outras visualidades Contemporâneas e Moda e Outros Sistemas Semióticos. No  comum, o estudante terá contato com uma sensibilização estética e com aportes teóricos significativos para o gesto de criar no mundo contemporâneo. Nessa etapa há o encontro entre os alunos de diversas áreas criando uma comunidade criativa que irá construir portfólio juntos. Então, se o aluno de Escrita Criativa produz um livro e precisa de alguém para pensar em um projeto gráfico, ele se une a um aluno de Narrativas Gráficas que precisa de oportunidades para desenvolver um portfólio. Nesse sentido, é muito importante destacar que o núcleo comum será um celeiro de produção criativa. No núcleo específico, o estudante irá optar por uma trilha criativa mais recortada. Nesse momento, já munido de uma bagagem intersemiótica de criação, o estudante terá disciplinas voltadas para um repertório direcionado para seu campo de criação, preparando-se para uma criação pensada para o mercado.

 

Boletim produzido pela Assessoria de Comunicação da Diretoria de Educação Continuada da PUC Minas

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